A empresa intermunicipal Tejo Ambiente, à qual Mação aderiu oficialmente a 1 de junho de 2020, não está a corresponder às expectativas nem da população, nem da Câmara Municipal de Mação. Acontece que os munícipes têm apresentado reclamações sobre as leituras desajustadas dos contadores e sobre as estimativas e ajustes que se têm traduzido em faturas de centenas de euros para pagar, valores muito superiores às faturas da eletricidade, que tinham fama de ser o serviço mais caro. Com isto acrescem problemas na recolha do lixo, nas intervenções em rombos de água que não são feitas em tempo útil e há queixas de que a qualidade da água está muito pior. Vasco Estrela, presidente da CM Mação, assume estar ciente do descontentamento da população, e reconhece que “é um facto que as coisas não estão a correr da forma que nós gostaríamos”.
A Tejo Ambiente é responsável desde 1 de junho pela gestão dos sistemas públicos de abastecimento de água, de saneamento de águas residuais e recolha de resíduos sólidos urbanos indiferenciados nos seis concelhos aderentes, onde a Mação se juntam Sardoal, Vila Nova da Barquinha, Ferreira do Zêzere, Tomar e Ourém (estes dois últimos detentores da sede e administração da empresa).
Vasco Estrela disse ao mediotejo.net que “têm havido muitas reclamações, mais nas redes sociais do que diretamente na Câmara Municipal”, mas que a comunidade maçaense está, por isso, descontente com os serviços prestados e com o avultado valor das faturas que têm sido enviadas para pagamento, sendo que em muitas situações o aumento é entre 30 a 50%.
Áudio: Vasco Estrela em declarações ao mediotejo.net sobre a Tejo Ambiente em Mação. Fala do descontentamento da população em relação aos valores elevados da fatura da água e do facto de a autarquia esperar ver alguns benefícios da adesão à empresa, algo que até ao momento não se tem verificado e sem previsão sobre quando decorrerão investimentos no concelho.
“As reclamações recaem sobre a recolha de resíduos sólidos urbanos, rombos de água que carecem de intervenção no pavimento e onde não se repõe nem pavimento nem calçada em devido tempo conforme previsto, bem como a fatura da água, nomeadamente do mês de agosto, fruto de ter havido estimativas feitas a reportar ao mês de abril e maio, e não do mês homólogo do ano anterior, fez com que houvesse faturas de valores exorbitantes, centenas de euros. Isto reflete o aumento do tarifário, pois a tarifa em Mação era extraordinariamente baixa comparativamente com outros concelhos”, explica.
A presença da Tejo Ambiente em Mação “tem criado no concelho muito ruído, alguma indignação e revolta, porque ninguém gosta de estar a pagar mais e ao mesmo tempo estar a perceber que não tem retorno do serviço que está a ser pago”.
Por outro lado, o autarca lembra que também não foi feito qualquer investimento no concelho, enquanto noutros já foram iniciadas intervenções nomeadamente quanto ao saneamento. Tal deve-se a “decisões estratégicas por parte da empresa, que eu respeito e que não foram obviamente tomadas por mim”, admite o edil.
“Acresce que até ao momento não foi possível à empresa realizar qualquer investimento, nem há previsão no tempo de quando pode começar a ser concretizado no nosso concelho, ao contrário do que já aconteceu em outros concelhos da Tejo Ambiente”, afirma.
Mação é o terceiro maior município que integra a Tejo Ambiente, estando a seguir a Ourém e Tomar em termos de capital social, e é o segundo município com maior área. o autarca maçaense reconhece que o seu concelho “provavelmente é o município que mais problemas tem em termos de gestão de água”.
Em balanço destes quatro meses de adesão à empresa intermunicipal de Ambiente, reconhece que ficou muito aquém das expetativas iniciais, onde o autarca reconhecia inúmeras vantagens no ganho de escala para resolução de problemas prementes no concelho, nomeadamente quanto a otimização e remodelação de redes e sistemas de abastecimento de água, recolha de RSU e atuação quando às perdas de água avultadas que carecem de gestão mais próxima, especializada e cuidada.
Mas as coisas estão longe de correr bem, e o autarca assume já ter feito chegar o descontentamento da população à administração e direção da empresa. “Há aqui várias situações que não estão a correr da forma que era previsível, mas ainda estamos na fase de darmos o benefício da dúvida. Estamos na empresa desde junho, há quatro meses, e sabemos a dificuldade que é montar uma empresa destas de novo. Sabemos a dispersão geográfica que a empresa tem, o contra-vapor que existe nos nossos territórios”, contextualiza.
Ainda assim, Vasco Estrela entende que lhe compete “enquanto presidente da Câmara de Mação e presidente da Assembleia Geral da Tejo Ambiente, por um lado perceber as contingências que a empresa está a viver, mas por outro lado e principalmente, defender os interesses de Mação e dos munícipes desde concelho”.
Apesar de tudo, diz que Mação “não tinha outra alternativa se não a adesão à empresa Tejo Ambiente”, tal como “outros municípios também não tinham”.
O autarca diz que “não vale a pena dizer-se que Mação é ou era o município que tinha vários problemas de água, quando outros tinham problemas mais graves em termos de saneamento. Se nós temos uma taxa de saneamento de 70 a 80%, outros não tinham sequer 50%. Os negócios para serem bons, têm que ser bons para todos”, sublinha.
“Todos temos de ganhar alguma coisa. E as nossas populações têm de perceber que os eleitos estão a defendê-las, tomaram as melhores decisões, e que o ambiente só será favorável para todos se todos formos solidários. Se os seis presidentes de Câmara forem solidários, perceberem as contingências e dificuldades que cada um tem nos seus territórios, e sermos equitativos na distribuição dos prejuízos e equitativos, principalmente, naquilo que são os benefícios”, argumentou.
Quanto à solidariedade por parte dos seus pares, Vasco Estrela escusou-se de comentar, referindo ser um assunto que falará “em sítio próprio”, e que “há questões que são fáceis de perceber”. Ainda assim, frisou não haver da sua parte “nenhum mau-estar relativamente aos meus colegas, não é isso que se passa”, garante.
“Até este momento tem sido muito complicado fazer a gestão desta situação, porque as pessoas já estão a pagar uma tarifa muito mais alta do que pagavam, e até agora no terreno, em termos de benefícios, temos zero”, esclarece.
Na passada Assembleia Municipal os deputados do PS apresentaram recomendação à mesa de Assembleia no sentido de convidar a direção da empresa intermunicipal Tejo Ambiente a estar presente numa sessão, com intuito de prestar esclarecimentos sobre o que tem acontecido no concelho e investimentos previstos.
Refira-se que esta empresa intermunicipal passou a ser a responsável pela gestão dos Sistemas Públicos de Abastecimento de Água, de Saneamento de Águas Residuais e recolha de Resíduos Sólidos Urbanos indiferenciados nos seis concelhos aderentes, prevendo-se investimentos na casa dos 124 milhões de euros ao longo de 30 anos.
O concelho de Mação aderiu oficialmente à empresa Tejo Ambiente no 1 de junho, juntamente com os municípios de Sardoal, Vila Nova da Barquinha e Ferreira do Zêzere, juntando-se assim a Ourém e Tomar, os dois concelhos onde a empresa se estreou a 1 de janeiro e que detêm a sede e administração da empresa.
A Tejo Ambiente tem por objetivo “privilegiar relações de confiança e inovação com os respetivos utilizadores, bem como serviços de forma mais eficiente e ambientalmente sustentada”.
A empresa tem um capital social de 600 mil euros e os municípios de Tomar e de Ourém detêm as maiores participações (com 35,63% e 32,37%, respetivamente), seguido de Mação (10,85%), Ferreira do Zêzere (7,94%), Vila Nova da Barquinha (7,63%) e Sardoal (5,58%).
Os municípios de Ourém e Tomar têm previsto receber investimentos nas próximas décadas na ordem dos 33,8 e 33,4 ME, respetivamente, seguindo-se depois Mação (17,7 ME), Ferreira do Zêzere (13,5), Vila Nova da Barquinha (8,7 ME) e Sardoal (5,5 ME).
Pois é com muito desagrado que hoje vou para despejar o lixo até os baldes do lixo foram retirados aqui na rua do cruseiro monte do meio de São Bento pois agora terei eu de transportar o lixo que produzo para cardigos ou caveira como outros moradores nao permanentes que abitam nesta rua que são por veses 6 e só avia um caixote do lixo e até esse levaram mas pagamos todos as taxas de residios igual como cá vivêssemos permanente se é assim deixem de cobrar a taxa por serviço nao prestado falta contentores