Presidente da República e Primeiro Ministro assistiram à missa das 11h00 Foto: mediotejo.net

*atualizado com Lusa às 16h25 de 14 de novembro de 2020

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o Primeiro-Ministro, António Costa, compareceram na manhã deste sábado, 14 de novembro, à missa das 11h00 no Santuário de Fátima, celebrada pelo presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. José Ornelas. Durante a celebração foram evocadas as vítimas da pandemia de covid-19, que em Portugal provocou já 3.250 mortes e 204.664 casos de infeção.

Presidente Marcelo chegou sozinho Foto: mediotejo.net
Marcelo foi recebido por D.José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa Foto: mediotejo.net

Num Santuário vazio e numa Basílica da Santíssima Trindade sem as multidões habituais, com obrigatoriedade de manter a distância de segurança e utilizar máscara, os governantes assistiram à cerimónia, que marcou também o fim da 199ª Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, que decorre em Fátima desde quarta-feira.

À chegada nem Marcelo nem Costa falaram aos jornalistas, havendo da parte da comitiva do Primeiro-Ministro a informação de que não iriam ser prestadas declarações.

Marcelo Rebelo de Sousa chegou primeiro, a pé e sozinho, sendo recebido por D. José Ornelas e pelo Reitor do Santuário de Fátima, Padre Carlos Cabecinhas. António Costa chegou acompanhado pela esposa, Fernanda Tadeu, poucos minutos depois.

O Cardeal e bispo de Leiria-Fátima, D.António Marto, esteve ausente por motivo de doença.

António Costa fez-se acompanhar pela esposa, Fernanda Tadeu. Foto: mediotejo.net

Na homilia, D.José Ornelas lembrou o “dom precioso da vida humana”, salientando o trabalho daqueles que acompanham de mais perto a última etapa da vida, “os profissionais da saúde, os investigadores, os cuidadores e colaboradores de tantas profissões e os que assumem a responsabilidade de organizar todo este esforço”.

“A crise tem-nos mostrado que o sofrimento e a morte não podem ser confinados e que só juntos podemos construir um mundo aceitável para todos, em que nos cuidemos mutuamente”, refletiu.

A concluir, o prelado referiu que “hoje, no meio da pandemia, celebrando a memória daqueles que partiram, Jesus vem visitar as nossas famílias feridas pela saudade e, em muitos casos, pelo peso de não terem podido dar-lhes a presença e a assistência que desejavam”.

À saída, falando aos jornalistas, o Presidente da República considerou as manifestações “legítimas”, mas apelou às pessoas que protestem sem violência, para não agravar a situação existente provocada pela pandemia da covid-19.

“A manifestação é legítima e é uma expressão em democracia do estado de espírito dos portugueses. É uma chamada de atenção de quem tem de decidir e a necessidade de ir olhando para situações que em muitos casos se agravam com o correr do tempo. Aquilo que podemos pedir é que essas manifestações sejam feitas sem haver violência, que é indesejável para o todo social”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe de Estado sublinhou que a pandemia “é em si mesmo uma violência”, a crise económica e social também “é em si mesmo uma violência”.

“Não podemos ter nem crises políticas nem situações de tensão levadas à violência, porque dissolvem o tecido económico e social, o relacionamento entre as pessoas e precisamos dessa solidariedade”, acrescentou.

Marcelo Rebelo Sousa lembrou que quando decretou o estado de emergência avisou que ia haver “cansaço e fadiga”. “Na altura não parecia evidente, mas passados oito meses, qualquer dia nove meses, essa fadiga existe”, tal como “cansaço e frustração”.

“Muitos estão desempregados, outros em situação de ‘lay-off’ e estão nessa situação há oito meses. Era o caso de alguns manifestantes de ontem. Outros que estão a braços com desgostos familiares, a perda de entes queridos, o não poderem acompanhar nessa perda e terem doentes nas famílias. Hoje praticamente não há nenhuma família que não tenha direta ou indiretamente, de forma próxima, alguém que convive com a covid-19 ou que sofre de outras patologias, cujo tratamento é sacrificado por causa da pandemia”, afirmou ainda Marcelo Rebelo de Sousa.

Por isso, o Presidente da República entende que “ninguém está feliz nem satisfeito”.

“Está sofredor e a mostrar-se indignado, em muitos casos, não resignado”, acrescentou.

Confrontado com a possibilidade de as manifestações se generalizarem, tendo em conta o estado de saturação das pessoas, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que “o mais importante é a reação das pessoas”.

“A pior coisa que poderíamos ter na sociedade portuguesa era [confronto] entre os que querem a abertura rápida da economia e da sociedade e os que têm medo que essa abertura sacrifique a vida e a saúde”, constatou.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, “se começamos a ter uma divisão entre esses grupos, e porventura mostram os inquéritos de opinião, o grupo que defende a vida e a saúde, sobretudo nos grupos de risco, é muito elevado, encontramos uma clivagem que pode ser por idades e por situação social”.

“Temos de evitar isto. Manifestação sim, que haja a preocupação de encontrar soluções para os problemas sim, que entremos numa espiral de violência só agrava o confronto entre portugueses e só agrava aquilo que [já] é uma violência, que é a pandemia e a crise económica e social, isso devemos evitar”, insistiu.

Um grupo de empresários do setor da restauração, bares e comércio arremessaram na sexta-feira garrafas contra agentes da PSP e queimaram caixões durante uma manifestação na Avenida dos Aliados, no Porto.

Este protesto reuniu mais de mil empresários que contestam as medidas restritivas impostas pelo Governo para travar a pandemia de covid-19.

Além do arremesso de garrafas contra elementos das forças de segurança, os manifestantes colocaram caixões a arder, simbolizando a morte do setor, obrigando a intervenção policial.

c/LUSA

Cláudia Gameiro, 32 anos, há nove a tentar entender o mundo com o olhar de jornalista. Navegando entre dois distritos, sempre com Fátima no horizonte, à descoberta de novos lugares. Não lhe peçam que fale, desenrasca-se melhor na escrita

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