Constância (Foto DR)

O TEJO PRECISA QUE CUIDEMOS DELE

Decidi partilhar nesta rubrica o que penso sobre o tema que agora tanto se fala, fazendo parecer que o problema é de hoje. Mas não é!

Há muito que a situação em que o Tejo se encontra é motivo de preocupação para todos os que, direta ou indiretamente, dele dependem – em especial os pescadores e os agentes turísticos – e de um número crescente de pessoas, cidadãos em geral, que assistem à crescente degradação do grande rio.

É imensa a importância do Tejo nas nossas vidas, dos mais variados pontos de vista: pelas atividades económicas que proporciona, com relevo para a pesca, o turismo e a agricultura, pelo impacto ecológico que tem no equilíbrio natural de que fazemos parte e pelo que representa como elemento estruturante da nossa região e da sua identidade.

O Tejo está doente. Muito doente.

Os problemas são muitos, mas há dois que preocupam mais: a poluição da água e a escassez do caudal durante a maior parte do ano.

A poluição é causada por uma série de situações, com destaque para as descargas de efluentes não tratados ou não adequadamente tratados.

Parte dessa poluição tem origem em Espanha, sobretudo o enorme volume de esgotos de Madrid e dos seus subúrbios que são lançados, sem adequado tratamento, no rio Jarama, afluente do Tejo. Mas há depois a poluição causada pela indústria e pela agricultura, quer em Espanha quer em Portugal.

O caudal do rio, na maioria dos dias, é pouco mais do que um fio de água, visivelmente insuficiente para manter, de forma sadia, a vida aquática, prejudicando os pescadores, e para desenvolver atividades náuticas, com reflexos negativos no turismo. Isto também se deve-se ao transvase de enormes volumes de água do Tejo para uso na agricultura em outras regiões de Espanha e ao incumprimento do acordo de Albufeira, celebrado entre os dois países, no que respeita à regularidade dos caudais mínimos.

As causas estão identificadas! Falta apenas atuar!

-Que se reforcem as ações inspetivas e que elas tenham consequências;

-Que se cumpra a legislação existente e se produza a que for necessária;

-Que as empresas poluidoras, em especial as de pequena e média dimensão, sejam apoiadas no seu indispensável e urgente processo de modernização no que respeita ao tratamento de efluentes.

-Que se trate com a EDP Produção da regulação dos caudais das barragens;

-Que se trate com o governo espanhol da questão da poluição das águas e do cumprimento, por parte da Espanha, do acordo internacional sobre os caudais do Tejo;

Mesmo que às vezes não pareça, todos precisamos do Tejo. E agora é o Tejo que precisa de nós.

Presidente da Câmara Municipal de Constância

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