A BA n.º3 vista do exterior. Foto: mediotejo.net

A Marinha e o Exército aceitaram as indicações do estudo sobre a construção do Aeroporto do Montijo na Base Aérea n.º 6 (BA6), avançou o jornal Diário de Notícias no passado dia 24. No caso do Exército, haverá a retirada do comando da Brigada de Reação Rápida (BRR) do Polígono Militar de Tancos, para onde serão transferidas as esquadras de transporte aéreo da BA6. O “sim” que agora se aguarda é o do governo e ditará a reativação da Base Aérea n.º3 (BA3), uma decisão que Fernando Freire, presidente da autarquia, considera lógica e fator de desenvolvimento local.

Segundo o artigo do DN, as posições do Exército e da Marinha – a última aceita transferir a esquadra de helicópteros EH-101 para Sintra – já foram transmitidas à Força Aérea e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, terá admitido que “a própria hipótese de uma decisão sobre o aeroporto do Montijo vai levar a um redefinir de dispositivos e de capacidades da Força Aérea”.

A construção do novo aeroporto na BA6 e as alterações em avaliação terão consequências não só ao nível das infraestruturas militares do Polígono Militar de Tancos, mas também no próprio concelho de Vila Nova da Barquinha. Contactado pelo mediotejo.net sobre este assunto, o presidente da autarquia afirmou não ter sido informado oficialmente desta decisão e confirmou a existência de “contactos informais com os militares do Exército, da Força Aérea e com o Ministério da Defesa Nacional”.

Para Fernando Freire o mesmo deve ser abordado de forma moderada “pois o que existem são estudos” e falta “o essencial a este processo, a decisão política”. Uma decisão e um processo que podem ser acelerados por fatores como a “saturação do espaço aéreo no Lisboa-Montijo”, o “aumento exponencial das rotas para Portugal” e a “relocalização da sede da Ryanair por causa do Brexit em Portugal ou na Áustria”.

A BA n.º3 vista do exterior. Foto: mediotejo.net

Quanto às implicações diretas no concelho, Fernando Freire destaca que serão “enormes”, nomeadamente com a chegada de recursos humanos qualificados – aponta cerca de 850 militares – e materiais da Força Aérea que se traduzirão em novas experiências, crescimento demográfico e desenvolvimento económico locais.

A hipótese das esquadras de transporte aéreo da BA6 serem transferidas para o Polígono Militar de Tancos é considerada “uma excelente solução”, acrescentando que além dos aviões C-295 e C-130, “as cinco aeronaves KC-390, a adquirir à Embraer (…) poderão ser adaptadas no combate a incêndios florestais. Uma posição reiterada depois de no passado mês de fevereiro ter defendido que a localização da BA3 constitui uma mais-valia no combate aos incêndios, devendo “ficar próximo das florestas” e “estar num território de centralidade do país”.

Na altura, o Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, tinha expressado a “intenção deste Governo ceder os meios de combate a incêndios florestais à Força Aérea”, a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT) defendia a reabertura da BA3 para acolher as funções da BA6 e o autarca barquinhense destacava que “toda a minha energia está direcionada para o regresso da BA3”, referindo os C-295 e C-130.

As aeronaves KC-390 poderão apoiar no combate a incêncios. Foto: DR

Fernando Freire relembra que a infraestrutura militar localizada no concelho serve, atualmente, para operações de treino e de transporte das tropas paraquedistas e que estas aeronaves se deslocam semanalmente do Montijo para Vila Nova da Barquinha. Se ficarem sediadas em Tancos, diz, existirá “uma poupança de combustível e de custos” e que “o treino de aproximações por instrumentos e das tripulações sairá altamente favorecido” no que respeita à questão do espaço aéreo uma vez que “o Polígono tem uma área sem restrições, ou seja não há aeronaves a operar”.

O “sim” por parte do Exército e da Marinha às propostas do estudo que implica a abertura da BA6 à aviação civil com a construção do novo Aeroporto do Montijo é um passo, o próximo cabe ao governo. Se o último for dado, tem início um processo que Fernando Freire situa num prazo de “dois a três anos” pelas “muitas alterações logísticas, novos hangares, requalificação de espaços (pistas, torre, alojamentos, etc.)” implicados.

No que respeita à possível retirada do comando da BRR de Tancos, o presidente da câmara municipal defende que o mesmo “deveria ficar em território da nossa Comunidade Intermunicipal”, dando como exemplo “o Regimento de Paraquedistas (Polígono Militar de Tancos) ou em Tomar (atual RI15)” e sem deixar de referir que a decisão cabe “exclusivamente ao Comando do Exército Português”.

Nasceu em Vila Nova da Barquinha, fez os primeiros trabalhos jornalísticos antes de poder votar e nunca perdeu o gosto de escrever sobre a atualidade. Regressou ao Médio Tejo após uma década de vida em Lisboa. Gosta de ler, de conversas estimulantes (daquelas que duram noite dentro), de saborear paisagens e silêncios e do sorriso da filha quando acorda. Não gosta de palavras ocas, saltos altos e atestados de burrice.

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