Uma equipa luso-britânica, envolvendo o Instituto Politécnico de Tomar, o Instituto Terra e Memória de Mação e a Universidade de Durham, retomou esta semana trabalhos de escavação na Anta 1 de Vale da Laje, em Tomar.

Trata-se do mais conhecido e importante monumento megalítico do Médio Tejo, que já foi alvo de estudos do IPT há 25 anos atrás. A Anta é um monumento construído há mais de 6.000 anos, na bacia do rio Zêzere, pelos primeiros pastores e agricultores que, vindos da margem esquerda do Tejo, chegaram a esse rio depois de atravessarem os territórios de Mação e Abrantes.

A anta revelou, nas anteriores escavações, ter tido pelo menos três momentos de ocupação. No primeiro, foi construído um recinto poligonal (câmara), delimitado por cinco grandes lajes verticais com mais de 2,5 metros de altura (esteios), ao qual se acedia por um corredor curto e mais baixo. Este monumento funerário estava rodeado por um círculo de lajes deitadas, e foi coberto por um monte de terra (mamoa, ou tumulus).

Alguns séculos mais tarde, há cerca de 5.000 anos, esta mamoa foi reforçada com pedras, e foram adicionados um muro ao longo da mamoa, intervalado por pequenas lajes verticais (estelas) e seixos do rio, e outras estruturas. Desta altura datam a maior parte dos vestígios associados a sepulturas, em cerâmica e diversos materiais de pedra (sílex, quartzito, gneiss, anfibolite, xisto).

Há cerca de 3.700 anos, já na Idade do Bronze, o local voltaria a ser usado para enterramentos, mas desta vez sem acrescentar estruturas.

Diversos estudos foram realizados, nas últimas duas décadas, sobre os vestígios encontrados nas antigas escavações. Alguns dos especialistas que fizeram esses estudos participam nesta nova etapa, como Nelson Almeida, Cristiana Ferreira, Anabela Pereira ou Pedro Cura.

A Anta 1 de Val da Laje fazia parte de um conjunto de pelo menos cinco antas (as outras quatro foram destruídas no passado), e é essencial para compreender a expansão deste primeiros agricultores e pastores, que se irão encontrar, mais tarde, com outras comunidades com uma economia semelhante, mas com tradições culturais e tecnológicas
bastante diferentes, instaladas na região do maciço calcário, e das quais os mais importantes vestígios se encontram na região dos canteirões do Nabão (Gruta do Cadaval e outras) e na região da nascente do rio Almonda.

Como era a vegetação nas proximidades da Anta na pré-história? Que relações tinham os seus construtores com os grupos que ocupavam as grutas em Tomar ou Torres Novas na mesma época? Onde iam buscar as matérias-primas que utilizavam? Que conhecimentos de geometria e arquitetura possuíam? Quais as suas manifestações artísticas? O que
podemos aprender com estes vestígios? Para que servem estes conhecimentos, hoje?

Estas são algumas das questões a que os arqueólogos, coordenados por Luiz Oosterbeek (IPT) e Chris Scarre (Un. Durham), procuram responder.

Jornalista profissional há mais de 30 anos, passou por vários jornais diários nacionais, nomeadamente pelo 'Diário de Lisboa', 'Diário de Notícias' e 'A Capital'. Apaixonada pela profissão desde a adolescência, abraçou o jornalismo nas suas diversas áreas, desde o Desporto às Artes e Espetáculos, passando pela Política e pelos temas Internacionais. O jornalismo de proximidade surge agora no seu percurso.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *