Face aos focos evidentes de poluição existentes no rio Nabão desde quinta-feira, dia 1 de março, o Município de Tomar decidiu apresentar queixa ao Ministério do Ambiente, através da APA (Agência Portuguesa do Ambiente), GNR e PSP.
O Município encontra-se a recolher amostras para enviar para laboratório certificado, bem como solicitou audiência, com carácter de urgência, ao Ministro do Ambiente, informou hoje a autarquia liderada pela socialista Anabela Freitas.
Em declarações ao mediotejo.net, o vice-presidente da autarquia, Hugo Cristovão, disse que este “é um problema recorrente” tendo feito notar, no entanto, que o rio Nabão “está como nunca esteve”.
“Ontem [dia 1] e hoje, o rio apresenta mau cheiro, uma cor castanha escura e um manto de espuma branco que faz lembrar o episódio de Abrantes”, relatou, referindo-se a um sinistro ambiental ocorrido a 24 de janeiro.
“É um episódio muito grave de poluição, num rio que é o cartão de visita de Tomar, e com todos os problemas ambientais e outros que lhe estão associados. É um problema que tem de ser resolvido rápidamente”, frisou Hugo Cristovão.
A presidente da Câmara de Tomar disse hoje, por sua vez, à Lusa, que pediu uma audiência com caráter de urgência ao ministro do Ambiente porque os episódios de poluição no rio Nabão se repetem “há vários anos e urge identificar as suas origens”.
Anabela Freitas disse que as descargas poluentes no rio em momentos de aumento de caudal têm sido “recorrentes”, tendo a situação ocorrida na quinta-feira sido “por demais evidente”, pela dimensão que assumiu durante o dia e pelo agravamento registado à noite.
A autarca disse ainda que a poluição não é hoje tão visível, porque devido à subida do caudal do rio foram abertas as comportas, adiantando que o próprio município recolheu amostras para análise num laboratório certificado e que, depois da queixa apresentada junto da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), esta enviou igualmente inspetores para o terreno.
Para Anabela Freitas, “é preciso atuar de uma vez por todas”, sob o risco de destruição de um recurso “que é de todos nós”.
Em resposta à Lusa, fonte do Ministério do Ambiente afirmou que uma equipa da APA esteve de manhã no local a recolher amostras de água e de espuma e que inspetores deste organismo fizeram “duas ações de fiscalização” a duas estações de tratamento de águas residuais (ETAR) urbanas.
Os episódios de poluição no Nabão têm originado, desde o início de 2017, pedidos de esclarecimento ao Ministério do Ambiente por parte dos vários partidos políticos, tendo o Partido Socialista entregado hoje nova questão no parlamento.
Numa pergunta que tem como primeiro subscritor o deputado tomarense Hugo Costa, o PS questiona o Ministério do Ambiente sobre este episódio mais recente e sobre que medidas foram ou vão ser tomadas.
“O rio Nabão é um recurso hídrico que está intrinsecamente ligado ao concelho de Tomar. Nos últimos tempos, têm sido observados e denunciados vários focos de poluição neste rio, situação que merece a preocupação da população de Tomar e dos seus autarcas, sendo uma causa transversal à sociedade tomarense”, refere o requerimento.
A pergunta junta-se à que foi apresentada no final de janeiro pelo Partido Ecologista os Verdes, depois de uma visita ao rio Nabão e à ribeira de Seiça, numa altura em que parte do rio apresentava “sólidos suspensos” e “espuma concentrada”.
A ETAR situada junto à ribeira de Seiça, na freguesia da Sabacheira, tem sido apontada como eventual fonte de poluição, tendo Anabela Freitas dito hoje à Lusa que foi feita uma visita a montante e a jusante desta estrutura situada no concelho mas pertencente ao município vizinho de Ourém. Contudo, há outros locais de descarga, sendo várias as origens possíveis, pelo que apelou à sua identificação célere.
c/LUSA