Foto: mediotejo.net

Muitas vezes nos deparamos com árvores de grande porte, das mais variadas espécies, e tentamos adivinhar a sua história, bem como a sua idade. Em Cascalhos, na freguesia de Mouriscas, concelho de Abrantes, a Oliveira do Mouchão com 3350 anos de existência é considerada a árvore mais antiga de Portugal, estando presente no ranking do ICNF de Árvores Monumentais de Portugal, sendo considerado exemplar contemporâneo de Cristo. A população, agradada com a presença de Arvoredo de Interesse Público na freguesia de Mouriscas, já criou um grupo nas redes sociais que pretende assinalar outros exemplares: o grupo Rota das Oliveiras Milenares de Mouriscas.

Seguindo um novo método de datação de oliveiras, não destrutivo, o investigador José Luís Lousada, investigador auxiliar com agregação do Departamento florestal da UTAD,   atribuiu o certificado à Oliveira do Mouchão, em Mouriscas, a 28 de setembro de 2016. Na declaração, o investigador refere que “Esta árvore apresentava em abril de 2016 um perímetro base de 11,2 metros, um perímetro à altura do peito de 6,5 metros e uma altura de tronco até às primeiras pernadas de 3,2 metros, tendo-lhe sido estimada uma idade de 3350 anos”, lê-se.

O metódo utilizado está registado desde 2011, pela UTAD e pelo grupo Oliveiras Milenares que financiou o projeto da investigação, e consiste num “modelo matemático que que envolve parâmetros dendrométricos (dimensão e forma) do tronco das árvores, com os quais a idade está bem correlacionada, mesmo que estas se apresentem ocas no seu interior”, caso da oliveira milenar de Mouriscas.

Este modelo de investigação “não obriga ao abate de árvore nem a extração de uma amostra de madeira, não provocando assim quaisquer lesões na árvore que comprometam a sua sanidade”, explica José Luís Lousada.

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A Oliveira do Mouchão, em Cascalhos, tem perímetro base de 11,2 metros, um perímetro à altura do peito de 6,5 metros e uma altura de tronco até às primeiras pernadas de 3,2 metros. Foto: mediotejo.net

Os cidadãos mourisquenses, unidos pelo orgulho no seu património, criaram a 6 de novembro um grupo no Facebook, denominado Rota das Oliveiras Milenares de Mouriscas. António Louro, o responsável, referiu que este grupo surge “em homenagem à oliveira mais antiga de Portugal, com a bonita idade de 3.350 anos, recentemente certificada pelo ICNF. Na senda deste acontecimento iremos identificar, preservar e divulgar outros exemplares magníficos de oliveiras existentes na nossa terra, tendo em vista a criação da Rota das Oliveiras Milenares de Mouriscas”.

António Louro, o fundador do grupo Rota das Oliveiras Milenares de Mouriscas. Foto: António Louro
António Louro, o fundador do grupo Rota das Oliveiras Milenares de Mouriscas, junto à Oliveira do Mouchão, em Cascalhos, Mouriscas. Foto: António Louro

Os populares têm percorrido vários terrenos da freguesia, fotografando e identificando proprietários e exemplares, para que possam ser avaliados pelas entidades competentes, criando-se condições para a existência de uma rota pedestre que permita observar de perto esse arvoredo.

A par da Oliveira do Mouchão, encontram-se dois outros exemplares, nomeadamente em  Santa Iria da Azóia, no concelho de Loures, que contabiliza 2850 anos, e na freguesia de Santa Luzia, concelho de Tavira, contando-se 2.210 anos de existência. Os três exemplares são considerados pelo ICNF Arvoredo de Interesse Público e Árvores Monumentais de Portugal, “exemplares que se destacam pela sua idade, sendo alguns contemporâneos de Cristo”.

A par da Oliveira do Mouchão, outras duas oliveiras em Loures e Tavira, se assumem como as mais antigas do país. Fotos: ICNF
A par da Oliveira do Mouchão, outras duas oliveiras em Loures e Tavira, se assumem como as mais antigas do país. Fotos: ICNF
Outros exemplares de Arvoredo de Interesse Público no Médio Tejo

A par da oliveira milenar, outros exemplares são considerados enquanto Arvoredo de Interesse Público nos concelhos do Médio Tejo, integrando a listagem do ICNF.

Caso do Eucalipto Grosso com 130 anos e de dois sobreiros, um pertencente à Quinta do Côro e outro localizado na Tapada da Fonte Velha, em Sardoal. O primeiro com 200 anos e o segundo com 213.

Em Tramagal, concelho de Abrantes, um freixo-europeu de 100 anos está também assinalado. Também em Ferreira do Zêzere existem árvores centenárias, nomeadamente nos lugares de Paio Mendes com um pinheiro-manso de 200 anos e em Dornes, um freixo com a idade de 258 anos.

Já em Ourém, mais propriamente em Alburitel, existe um carvalho-português com 130 anos, e em Nossa Senhora das Misericórdias uma azinheira com 400 anos. Na freguesia de Nossa Senhora da Piedade, o ICNF lista ainda a existência de um plátano-vulgar com 100 anos, ao passo que, na Cova da Iria, Fátima, reconhece-se a mesma idade à azinheira que é um símbolo sagrado, pelo facto de os Três Pastorinhos terem rezado o rosário à sua sombra, antes das Aparições de Nossa Senhora, em 1917. A árvore está situada junto à Capela dos Três Pastorinhos, no Santuário de Fátima, e tem cerca de 14 metros de altura.

Foto: wikimapia
A azinheira da Cova da Iria, no Santuário de Fátima, junto à capela dos Três Pastorinhos, é considerada um ícone sagrado e uma árvore monumental. Foto: wikimapia

Veja aqui algumas fotos, em pormenor, da Oliveira do Mouchão:

Formada em Jornalismo, faz da vida uma compilação de pequenos prazeres, onde não falta a escrita, a leitura, a fotografia, a música. Viciada no verbo Ir, nada supera o gozo de partir à descoberta das terras, das gentes, dos trilhos e da natureza... também por isto continua a crer no jornalismo de proximidade. Já esteve mais longe de forrar as paredes de casa com estantes de livros. Não troca a paz da consciência tranquila e a gargalhada dos seus por nada deste mundo.

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7 Comentários

  1. Apenas um reparo quanto à lógica da contemporaneidade à figura de Jesus: quando este supostamente nasceu, a oliveira do Mouchão contava já mais de 1220 primaveras…

    1. Caro Tiago, esse contexto faz parte da categorização do ICNF, considerando-se a data do nascimento de Cristo um marco para a datação das árvores monumentais milenares. De qualquer modo, isto não significa que a árvore, ao ser ‘exemplar contemporâneo de Cristo’, tenha obrigatoriamente n° de anos de existência igual ou inferior a esse marco, sendo no caso da Oliveira do Mouchão claramente superior. Cumprimentos

  2. :) muitas mais árvores existem por esse País fora como este exemplar em que o ICNF nem sabe da existência delas, vila nova da serra de Tomar existe uma poderosa tao grande ou maior que esta.

  3. Penso que apesar da riqueza da informação, só deva vir a publico se o autor da noticia sentir-se seguro de que a dita arvore esteja a ser protegida. Infelizmente ja não é a primeira vez que tais arvores assim que foram tornadas publicas no Alentejo, pouco tempo depois foram alvo de atentados..algumas foram levadas para fora do país depois de bem planeado o seu arranque.. Está segura de que as autoridades e os populares têm sobre controlo a proteção da mesma?…Ha assuntos e bens de utilidade publica que não devem ser divulgados assim sem mais nem menos, pois ou ha desesperados por dinheiro, que divulgam a alguem para ver se têm um quinhão, por miséria, por oportunismo de negócio unico e singular, por maldade, por ganância ricos armados em filantropos ávidos de uma “obra “destas no seus terrenos…. faço-me entender? ada contr mas so divulgava algo desta qualidade sabendo da retaguarda.. Objetos, obras de arte, joias menos valiosas estão sobre guarda e esta é daquelas situações que não é facil a sua proteção.. É que varias ja foram para fora do país após inocência na sua divulgação… obrigado pela atenção.

    1. Boa tarde, esta notícia já tem alguns anos e a oliveira está identificada no local como monumento natural, estando a sua guarda e proteção a cargo das autoridades regionais e nacionais.

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