Reitor Carlos Cabecinhas com o terço oficial do Centenário das Aparições de Fátima. foto mediotejo.net

A ACISO – Associação Empresarial Ourém Fátima, em parceria com o Santuário de Fátima e o Instituto Nacional Casa da Moeda (INCM), apresentaram recentemente o Terço certificado do Centenário de Fátima. Feito com vidro da Marinha Grande e produzido no Sobral (Ourém), de forma artesanal, este é o primeiro artigo religioso de um conjunto de objetos que terão uma certificação específica do INCM.

O objetivo é dar aos artigos uma dimensão local, que represente Fátima, no combate ao produto massificado que vem do mercado asiático e que “perverte” a compra de artigos na cidade religiosa. O terço custa 12 euros, sendo que um euro reverte a favor do Centro de Recuperação Infantil de Fátima (CRIF).

A ideia partiu da Reitoria do Santuário de Fátima, que chamou a ACISO para elaborar o projeto. Francisco Vieira, então presidente da instituição, (Francisco Neves assumiu, entretanto, o cargo de presidente da ACISO) colocou de imediato reservas. Tentativas de certificação de produtos religiosos locais já haviam sido tentadas no passado, sem sucesso, sendo que a produção se descontrolou com a entrada do artigo asiático. No entanto, reuniu-se com o INCM e, posteriormente, com os industriais da região e “surpreendentemente a reunião correu muito bem”, narrou o antigo responsável.

Optou-se por criar-se primeiro um terço comemorativo com produtos locais. O design é de uma jovem de Fátima, Kátia Silva, as contas são em vidro soprado produzido na Marinha Grande e há cinco empresas da região envolvidas na parte industrial/distribuição.

Os terços são terminados de forma artesanal, por artesãos da localidade de Sobral, freguesia de Nossa Senhora das Misericórdias. Fez-se uma primeira edição de 50 mil terços, que começaram a ser vendidos nas lojas de Fátima e aderentes em junho. O preço é de 12 euros, um euro reverte a favor do CRIF, para a construção de um Lar para adultos com deficiência.

Um euro do terço reverte a favor do Centro de Recuperação Infantil de Fátima. foto mediotejo.net
Um euro do terço reverte a favor do Centro de Recuperação Infantil de Fátima. foto mediotejo.net

Este pendor social procura contrariar a má imagem dos comerciantes de Fátima. “Somos comerciantes”, salientou na ocasião Francisco Vieira aos jornalistas. “Somos muito castigados pela comunicação social, às vezes com razão. Era importante dar um sinal” de que o comerciante local também pode ter uma “atitude solidária”.

O bom resultado desta primeira união de esforços deixa o caminho aberto a que se criem mais artigos religiosos com certificação de Fátima. “Uma boa parte dos produtos de Fátima tem origem no estrangeiro, o que perverte a compra, de objetos que não nos representam”, defendeu em junho António Marto Pereira, na altura presidente da ACISO.

Este foi, assim, o primeiro passo para um conjunto de produtos com origem em Fátima, com características que os distinguem da concorrência asiática.

Também o Reitor, Padre Carlos Cabecinhas, se mostrou muito satisfeito com a concretização do projeto, uma vez que o terço está muito ligado à história de Fátima (narra a História que Nossa Senhora pediu aos três pastorinhos que rezassem o terço todos os dias). O Reitor salientou ainda o fim solidário deste terço e que o projeto se possa desenvolver na promoção dos valores de Fátima.

Questionado a respeito de um terço desenhado pelo arquitecto Siza Vieira, também intitulado de Terço do Centenário, com um custo de perto de 3 mil euros, vendido pelo banco Millenium BCP, Francisco Vieira distingue os projetos. Esse “será um terço de coleção, para outro público”, que nada tem a ver com esta iniciativa.

Este é “um terço para o povo”, destacou.

Com contas em vidro soprado, o terço tem um passador e crucifixo em zamak com acabamento de cobre e prata, sendo que a corrente e arame é em latão prateado.

Kátia Silva explicou aos jornalistas que procurou obedecer às linhas tradicionais dos terços, uma vez que o público alvo são sobretudo pessoas com mais idade. Cada peça é embalada em caixa própria, acompanhada por um livro explicativo, disponível em sete idiomas e com selo de certificação emitido pelo INCM.

Cláudia Gameiro, 32 anos, há nove a tentar entender o mundo com o olhar de jornalista. Navegando entre dois distritos, sempre com Fátima no horizonte, à descoberta de novos lugares. Não lhe peçam que fale, desenrasca-se melhor na escrita

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