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“Esta é uma luta pela nossa própria sobrevivência.” Foi desta forma que o primeiro-ministro resumiu a situação excecional que vivemos, na sua comunicação ao País. As próximas semanas vão ser difíceis. Teremos de reorganizar as nossas vidas para travar a progressão pandémica deste coronavírus que – esclareça-se de uma vez por todas –, mata até 26 vezes mais que o vírus da gripe e poderá infectar, até ao próximo ano, 80% da população mundial.

É um vírus novo, que pode sofrer mutações e tornar-se ainda mais perigoso e resistente, como alguns estudos já indiciam. A progressão da doença na Europa está a superar todas as estimativas, havendo numa semana já mais de mil mortos em Itália. Estamos em território desconhecido.

Neste momento, é fundamental atenuar a propagação do Covid-19 e evitar a concentração de muitos casos de infecção pulmonar num curto período de tempo, para manter os hospitais funcionais. Não teremos nunca ventiladores suficientes para salvar todos os que necessitem se a situação se descontrolar (o que já se está a verificar em Itália).

Por isso, e nunca é demais repetir, se tiver sintomas não deve ir ao centro de saúde ou hospital, mas sim ligar para a linha Saúde 24 (808 24 24 24). Ir ao hospital porque tem febre ou voltou de Milão, além de sobrecarregar as urgências que continuam a ter de atender quem teve um AVC ou um acidente de carro, poderá colocar centenas de pessoas e equipas médicas em risco, no caso de estar realmente infectado.

Contra o Covid-19 temos três poderosas armas. Façamos uso delas.

1. Isolamento social. Por isso sim, é preciso fechar as escolas, as discotecas, os ginásios e cancelar todos os eventos públicos até à Páscoa. Esqueçam os apertos de mão e os beijinhos de circunstância. E evitem sair de casa. Vai ser preciso ir comprar comida, dar assistência a um familiar ou vizinho, resolver algum problema. Mas estes não são tempos para levar as crianças a brincar no jardim, ir conversar para o café ou passear no centro comercial. Muitos terão de manter-se a trabalhar mas todos os que possam ficar em casa devem fazê-lo. Sempre que saírem de casa pensem que podem estar a colocar a vossa saúde e a dos outros em risco.

2. Higiene. Lavar as mãos várias vezes ao dia e evitar tocar na cara (olhos, nariz, boca), desinfectar frequentemente as casas de banho e cozinhas, limpar com álcool maçanetas das portas, comandos de televisão, teclados de computador, ecrãs de telemóvel, etc. (todas as superfícies que sejam tocadas por várias pessoas ao longo do dia).

3. Informação. Mantenha-se a par das recomendações da Direcção-Geral de Saúde. Não acredite em boatos publicados no Facebook, correntes de WhatsApp, segredos que correm por email. Escolha um, dois, três meios de comunicação social profissionais que mereçam a sua confiança, e mantenha atenção neles. A informação fidedigna é um farol nestes tempos de trevas. Pela nossa parte, conte com o redobrado empenho dos jornalistas do mediotejo.net para o manter informado sobre o que se passa na nossa região.

Em tempos de crise, o ser humano revela o melhor e o pior que há em si. Nos próximos dias, muitos profissionais terão, tal como os jornalistas deste jornal, de sair à rua para trabalhar. Desde o médico que fará turnos duplos nas urgências ao agricultor que continua a assegurar que temos frescos nos supermercados, da cozinheira que alimenta os idosos nos lares ao funcionário municipal que recolhe o lixo nas ruas. A melhor forma de honrar o esforço que fazem, além de lhes agradecer, é ficar em casa, se o pudermos fazer.

Aproveitemos estes tempos excecionais para olharmos também mais para nós e para os outros, valorizando o que de mais extraordinário tem o povo português – a sua generosidade.

Sou diretora do jornal mediotejo.net, diretora editorial da Médio Tejo Edições e da chancela de livros Perspectiva. Sou jornalista profissional desde 1995 e tenho a felicidade de ter corrido mundo a fazer o que mais gosto, testemunhando momentos cruciais da história mundial. Fui grande-repórter da revista Visão e algumas da reportagens que escrevi foram premiadas a nível nacional e internacional. Mas a maior recompensa desta profissão será sempre a promessa contida em cada texto: a possibilidade de questionar, inquietar, surpreender, emocionar e, quem sabe, fazer a diferença. Cresci no Tramagal, terra onde aprendi as primeiras letras e os valores da fraternidade e da liberdade. Mantenho-me apaixonada pelo processo de descoberta, investigação e escrita de uma boa história. Gosto de plantar árvores e flores, sou mãe a dobrar e escrevi quatro livros.

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