O novo mercado diário de frescos foi construído a poucos metros do antigo espaço de comércio. Foto: DR

O Mercado Diário de Abrantes foi abordado esta terça-feira, em reunião de executivo da Câmara Municipal. Em causa, o auto de receção definitiva parcial de empreitada da sua construção. A proposta de deliberação votada apenas parcialmente prende-se com “questões ainda por resolver”, segundo a presidente. O vereador do Bloco de Esquerda quis saber se tais questões estariam relacionadas com “frio, vento e chuva” dentro do Mercado Diário. Maria do Céu Albuquerque negou, esclarecendo que tais factos “decorrem do funcionamento de um Mercado Diário, com condições específicas para o arejamento” e avançou ao mediotejo.net estar fora de questão um regresso dos vendedores ao antigo Mercado.

Dando conta do “esforço” da Câmara Municipal de Abrantes para “melhorar” as condições do Mercado Diário, nomeadamente a ocorrência de chuva dentro do edifício “quando tocada a vento e em determinadas circunstâncias”, Maria do Céu Albuquerque admitiu o não cumprimento “daquilo que deve cumprir”, esclarecendo, contudo, que a proposta levada, esta terça-feira, dia 3 de abril, a reunião de Executivo relaciona-se com a execução da obra, “com o não cumprimento do caderno de encargos”.

Ficaram de fora da proposta votada na sessão as questões estruturais como a entrada de frio no edifício. Explicou ser “impossível climatizar” dando conta das tentativas de “minimizar” o vento e a chuva. O Mercado “não pode ser hermético sob pena de deixar de ser funcional. Todos são assim”, frisou.

Apesar das explicações, e da proposta ser “meramente administrativa” explicou a presidente, o Bloco de Esquerda votou contra, apresentando declaração de voto onde demonstrou a sua incompreensão quanto “ao parecer positivo à receção definitiva” durante a vistoria. Sabendo tratar-se de “um edifício multifunções”, quando o que se pretendia era um Mercado Diário, questionou se “será essa a sua fraqueza?”.

O vereador Armindo Silveira manifestou-se “contra a conceção do edifício” pedindo responsabilidades relativamente “à chuva dentro do Mercado”, enquanto Maria do Céu Albuquerque considerou “não haver responsabilidades” a imputar. Dirigindo-se a Armindo Silveira, a presidente também interroga: “Conhece obras que não tenham dado problemas?”.

Reunião CM de Abrantes

No final da reunião, em declarações ao mediotejo.net, explicou que o projeto foi criado “para poder corresponder a uma estratégia de manter o Mercado a funcionar atendendo que hoje a situação é diferente daquela que era há 20 ou 40 anos”.

Caracterizando-o de “pequeno mercado” que funciona “num espaço polivalente”, Maria do Céu Albuquerque referiu que “as condições estruturais do edifício” não podem ser estanques. “É aberto. Tem de haver passagem de ar”. No entanto, a CMA pediu à equipa projetista “sem desvirtuar” o projeto, “para criar condições de melhoramento da funcionalidade” do imóvel.

Em reunião de Câmara foi aprovada por maioria a receção definitiva de parte da obra de construção do Mercado Diário “e não a totalidade porque existem questões de não cumprimento daquilo que esteve no caderno de encargos que têm de ser melhoradas”, insistiu.

Os vendedores do novo Mercado Diário apontam como solução o regresso ao antigo Mercado Diário, mas questionada sobre a intenção da CMA avaliar esse regresso, a presidente disse claramente que tal “não vai acontecer”.

“Os vendedores foram desde o primeiro momento envolvidos neste processo” quando em 2010 a ASAE encerrou o antigo Mercado Diário. “Durante uma reunião em conjunto com os vendedores decidimos a reabilitação daquele mercado e apresentámos e discutimos o projeto”, referiu a autarca.

Para que o projeto possa corresponder à sua estratégia, Maria do Céu Albuquerque defendeu passar “não só pelas condições que a Câmara pode e deve criar” mas também pelo “compromisso que os próprios comerciantes assumiram” quando decidimos criar condições para que esta atividade económica não morresse” afirmou, sem esquecer de apontar o “número muito diminuto” de comerciantes.

A sua formação é jurídica mas, por sorte, o jornalismo caiu-lhe no colo há mais de 20 anos e nunca mais o largou. É normal ser do contra, talvez também por isso tenha um caminho feito ao contrário: iniciação no nacional, quem sabe terminar no regional. Começou na rádio TSF, depois passou para o Diário de Notícias, uma década mais tarde apostou na economia de Macau como ponte de Portugal para a China. Após uma vida inteira na capital, regressou em 2015 a Abrantes. Gosta de viver no campo, quer para a filha a qualidade de vida da ruralidade e se for possível dedicar-se a contar histórias.

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