O que de melhor se faz em termos de doces de norte a sul do país, incluindo as ilhas da Madeira e Açores, podem ser saboreados até este domingo, em Abrantes, na 14ª Feira Nacional de Doçaria Tradicional.

Um mar de doces é o que se pode encontrar no espaço do Mercado Criativo, e é impossível ficar indiferente aos aromas que nos assaltam os sentidos assim que entramos no local.

O pão-de-ló de Margaride, de Felgueiras, está pela primeira vez na Feira de Doçaria em Abrantes
O pão-de-ló de Margaride, de Felgueiras, está pela primeira vez na Feira de Doçaria em Abrantes

Ali, facilmente se comete o pecado da gula perante tantas e tão boas iguarias, sejam as tradicionais tigeladas e palha de Abrantes ou as broas fervidas típicas da época dos Santos, sem deixar de ficar com água na boca com os doces conventuais, ou os bolinhos típicos do Algarve, os bolos lêvedos dos Açores ou o pão-de-ló de Margaride, pela primeira vez em Abrantes, vindo de Felgueiras. O difícil é escolher perante tanta – e tão boa – variedade.

Ernestina Faria veio de S. Miguel, nos Açores, para dar aos visitantes a oportunidade de conhecerem os doces tradicionais desta ilha. É a quinta vez que está na Feira de Doçaria em Abrantes: “Gosto muito de vir cá, isto é como uma família”, refere ao mediotejo.net. Para hoje e amanhã já tem preparados 100 kg de farinha para fazer no local os tradicionais bolos lêvedos e é impossível ficar indiferente ao cheirinho emanado pelos bolos lêvedos a serem cozinhados quando se passa no stand açoriano.

Na Feira de Doçaria em Abrantes pode também encontrar uma gama variada de licores
Na Feira de Doçaria em Abrantes pode também encontrar uma gama variada de licores

Para acompanhar o doce, o visitante pode ainda experimentar vários licores ali expostos ou então beber a tradicional ginjinha de Óbidos em copo de chocolate branco ou negro. E pode levar para casa, não só um saco cheio dos melhores doces feitos em Portugal, como também o mel e as compotas que poderá encontrar na Feira de Doçaria.

 

As participantes na Oficina de Compotas puserem a mão na massa para aprenderem a confecionar compota de abóbora
As participantes na Oficina de Compotas puserem a mão na massa para aprenderem a confecionar compota de abóbora

Este sábado de manhã, mais de uma dezena de participantes teve a oportunidade de participar na Oficina de Compotas ministrada por Lurdes Caetano, da Quinta de S. José, no concelho de Sardoal. Equipadas com aventais, as participantes colocaram as mãos na massa, ou melhor, na abóbora, lavando-a, cortando-a e fazendo toda a preparação, sempre sob a orientação de Lurdes Caetano, de modo a obter no final uma deliciosa compota.

Foi uma oportunidade única para as participantes ficarem a conhecer os truques de como se confeciona uma compota de abóbora, bem como os procedimentos para a comercialização deste tipo de produtos e ainda ficar a saber que o laboratório INOV´LINEA, situado no Tecnopólo de Abrantes, dispõe de uma cozinha para confecionar compotas que todos os interessados podem utilizar, beneficiando ainda de apoio técnico ao nível da legislação e dos requisitos que estes produtos devem ter para serem comercializados.

Na tarde deste sábado, realizou-se mais uma Oficina de confeção mas desta feita dedicada às broas fervidas, pelo Chefe Fernando Correia, que explicou aos participantes (10 adultos e 10 crianças) como se fazem estas tradicionais broas que são típicas desta época.

Trabalhos artísticos com casca de ovo

E porque estamos numa Feira de Doçaria onde grande parte dos doces são confecionados com ovos, nada mais apropriado do que conhecer a fantástica arte de Carlos Neves que desenvolve trabalhos únicos com casca de ovo.

Durante a Feira de Doçaria, os visitantes podem ver e experimentar como se trabalha uma casca de ovo no stand do artista Carlos Neves
Durante a Feira de Doçaria, os visitantes podem ver e experimentar como se trabalha uma casca de ovo no stand do artista Carlos Neves

“A arte de esculpir em casca de ovo” é o nome da exposição e local de demonstração ao vivo que pode ser visitado na Feira de Doçaria, em Abrantes. Ali, poderá apreciar os trabalhos desenvolvidos em casca de ovo por Carlos Neves e também experimentar a esculpir um ovo e colocar todas as questões que gostaria de ver esclarecidas.

“Aqui as pessoas perdem a noção do que é a fragilidade de um ovo, quando experimentam esculpir perdem essa noção e depois querem fazer o mesmo que eu”, refere em tom de graça Carlos Neves.

Este artista português, de 50 anos, que está entre os melhores escultores de ovos do mundo, integrando uma restrita lista da organização International Egg Art Guild, explicou ao mediotejo.net os segredos da sua arte. “Não há truques, é tudo natural”, refere. “O ovo é esvaziado e seco e depois com uma máquina, que tem uma broca de diamante, é que se consegue cortar o ovo sem partir e esculpi-lo”, explica.

Carlos Neves, de Viana do Castelo, trabalha ovos de avestruz, galinha, garça e ema, que podem ser esculpidos ou pirogravados (uma técnica de gravação em baixo relevo) e, depois de concluídos, podem ainda ser adaptados a outras funções, transformando-se, por exemplo, em candeeiros. O valor de um ovo esculpido varia entre 25 euros e 1.000 euros, consoante a complexidade do trabalho e o tamanho e raridade do ovo.

Foi em África que aprendeu esta arte que, diz, “é exatamente a mesma usada para esculpir os dentes de marfim”. “Durante 20 anos trabalhei como eletricista e fazia isto como hobbie, mas pela força que os meus amigos me foram dando, há 10 anos atrás deixei a parte elétrica e dediquei-me em exclusiva a esta arte”, salienta Carlos Neves.

Este artista tem clientes em vários países, como Bélgica, Holanda, Brasil, Bolívia, Espanha, entre outros, e é convidado, frequentemente, para levar a sua arte a eventos internacionais.

Este fim-de-semana está em Abrantes para dar a conhecer a sua arte por isso não perca esta oportunidade de experimentar esculpir um ovo e conhecer os trabalhos magníficos desenvolvidos por este artista.

Animação musical e desportiva

A animação musical da Feira de Doçaria estará a cargo do 3º Encontro de Música Tradicional Portuguesa, organizado pelo Órfeão de Abrantes, e que vai animar musicalmente as tardes e noites do certame com atuação dos grupos Sons do Lena, Seara Jovem, Abelterium e no domingo, a encerrar o encontro, será a vez do Cant´Abrantes.

O desporto também marca presença na edição deste ano da Feira Nacional de Doçaria, sendo que esta sábado à noite, pelas 21h, o Clube de Orientação e Aventura e os ABT Night Runners realizam o 1º Night Trail Urbano “0s Palhinhas”. Este trail urbano terá um percurso de 3,5 km para o escalão jovem e para o escalão sénior e veteranos, será o mesmo percurso feito duas vezes. “Vai ser um trail radical, na zona do centro histórico vai passar por escadarias, para além de percorrer ainda zonas do Jardim do Castelo e também no interior do Castelo de Abrantes, com subida à Torre de Menagem”, explicou Luís Emídio, mentor das caminhadas dos ABT Night Runners.

Na manhã de domingo, 25, realiza-se o 4º Passeio guiado em btt “Na Rota da Palha de Abrantes, com a colaboração dos Branquinhos do Pedal, que pretende assinalar alguns dos locais que fazem parte da história da doçaria desta cidade.

Os mais novos também terão espaços dedicados a si durante a 14ª edição da Feira de Doçaria Tradicional de Abrantes, com a realização do espetáculo infantil “As receitas do chefe Luigi”, e animação infantil com pinturas e balões, atividades que irão decorrer durante o evento.

Entrou no mundo do jornalismo há cerca de 13 anos pelo gosto de informar o público sobre o que acontece e dar a conhecer histórias e projetos interessantes. Acredita numa sociedade informada e com valores. Tem 35 anos, já plantou uma árvore e tem três filhos. Só lhe falta escrever um livro.

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