Apresentação do projeto Creatour em Abrantes.

O projeto Creatour, uma investigação de turismo criativo, quase três anos depois de ter arrancado foi apresentado publicamente em Abrantes na segunda-feira, 7 de janeiro. O projeto, que surge como reação à massificação do turismo, ajudou a implementar e dinamizar 40 projetos-piloto nas regiões do Algarve, Centro, Alentejo e Norte, num olhar para os recursos endógenos e saberes locais como forma de oferecer uma vertente de turismo, de contexto local, capaz de promover o desenvolvimento de cidades pequenas e áreas rurais e promover os recursos culturais de cada lugar.

O projeto Creatour e cinco das iniciativas de turismo criativo da região Centro foram apresentados publicamente na segunda-feira, 7 de janeiro, em Abrantes. Explicou-se o projeto e falou-se de turismo criativo e também na aposta em programas nessa linha como forma de desenvolvimento de zonas rurais.

Com uma abordagem teórico-prática, o projeto de investigação do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra tem 40 iniciativas a decorrer por todo o País, nomeadamente em zonas rurais e concelhos do interior de Portugal (apesar de alguns projetos serem desenvolvidos em pequenas cidades do litoral).

O Creatour envolve, no entanto, cinco centros universitários (de investigação), o próprio CES e o ISCTE da Universidade de Lisboa, a Universidade do Minho, de Évora e do Algarve que trabalham em estreita colaboração com as 40 organizações piloto e outras entidades interessadas, de forma colaborativa e em rede, localizadas em pequenas cidades de quatro regiões de Portugal: Norte, Centro, Alentejo e Algarve.

Apresentação do projeto Creatour em Abrantes. Nancy Duxbury

Nessa sequência, foram apresentados em Abrantes os projetos-piloto da região Centro, onde se inclui o 180 Creative Camp do Município anfitrião, e as suas atividades. Ao mesmo tempo foi dada a possibilidade ao público de conversar informalmente com os promotores das iniciativas-piloto e trocar experiências.

O Campus Jardim das Pedras da Associação Luzlinar, a Coolwool da parceria resultante entre a Tecitex e o Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior, o Caldas Creative Tourism da Associação Destino Caldas, o Mondego Art Valley da Associação Domínio Vale do Mondego e por fim o projeto da cidade anfitriã, o 180 Creative Camp promovido pela Câmara Municipal de Abrantes foram as cinco (de 10) propostas e recursos culturais do Centro de Portugal explorados pelo Creatour e apresentadas no Edifício Pirâmide em Abrantes.

Vinte dos projetos arrancaram em 2017 (1ª chamada) e os restantes em 2018 (2ª chamada), sendo que alguns já existiam, apesar do seu estado embrionário quando foram integrados no projeto de investigação, explicou a coordenadora da iniciativa, Nancy Duxbury, considerando “um sonho e uma oportunidade que começou em 2016. Muito mais que um projeto de turismo e muito mais que um projeto cultural”, disse.

O projeto, refere Nancy Duxbury, propõe diferenciar-se do turismo de experiência, tendo um foco especial “no processo criativo e na capacidade do visitante se envolver na atividade não apenas na perspetiva de aprendizagem, mas também como uma forma de autoexpressão”.

Apresentação do projeto Creatour em Abrantes.

A escolha de pequenas cidades e zonas rurais, explica, prende-se com várias razões: a existência de organizações e indivíduos a viverem e trabalharem em pequenos locais que poderão estar interessados no desenvolvimento destas atividades; a riqueza da herança cultural dessas pequenas localidades e o facto de Lisboa e Porto serem muito visitados e revelar-se necessário diversificar a atenção dos turistas para outros locais do País.

Para a investigadora, o turismo criativo traz várias vantagens a regiões de pequena escala demográfica, ao atrair os visitantes e envolvê-los naquele local. Estas opções (por exemplo aprender a fazer trabalhos em lã como acontece na Covilhã) podem permitir atrair visitantes que de outra forma não iriam, assim como mantê-los por um período mais longo na região.

O turismo criativo, vinca, pode ainda “criar uma fonte de rendimento adicional para artistas e artesãos locais e afirmar-se como uma plataforma para novas ideias de negócio, ao mesmo tempo que permite chamar a atenção para os ativos culturais e tradicionais presentes naquele território, ao revitalizá-los e trazê-los para a contemporaneidade”.

O projeto Creatour, um projeto nacional de três anos (2016-2019), promove assim atividades de turismo criativo, inovadoras e interativas, construídas com base em tradições culturais locais, aptidões, conhecimentos e práticas artísticas emergentes, ambicionando contribuir para o desenvolvimento sustentável das comunidades locais em todo o País.

Apresentação do projeto Creatour em Abrantes.

O desenvolvimento de uma rede de projetos de turismo criativo é, por isso, central no Creatour, onde as entidades piloto integrantes deste projeto assumem um papel de destaque. Implementando uma série de ofertas piloto de turismo criativo, estas entidades são coinvestigadoras no Creatour, contribuindo ativamente para o sucesso do projeto.

O turismo criativo diferencia-se principalmente “por oferecer aos visitantes a oportunidade de desenvolver o seu potencial criativo com uma participação ativa, com autoexpressão, aprendizagem e ligação à comunidade local. Caracteriza-se por um turismo sustentável de baixa escala que oferece uma experiência genuína, combinando uma imersão na cultura local, com processos de aprendizagem e criação” explicou Silvia, uma das investigadoras do CES da Universidade de Coimbra.

Como reação à massificação do turismo cultural “reforça a competitividade local, valoriza o património, a cultura e natureza e defende práticas turísticas sustentáveis. Como objetivos específicos de aplicação encontram-se as parcerias entre público e privado, a diversificação da oferta turística e as novas tecnologias para experiências criativas contemporâneas. O lugar é tido como uma inspiração e um recurso” acrescenta.

A missão da equipa de investigadores Creatour passa por acompanhar os projetos “seja com visitas no terreno, seja acompanhamento por telefone, por e-mail, por skype, e nos encontros onde conseguimos juntar os pilotos que têm contactos diretos uns com os outros e podem trocar conhecimentos, experiências, contactos, ideias e com os próprios investigadores. É um processo de aprendizagem quer para nós quer para os pilotos”, explicou, por sua vez, o investigador Tiago Castro.

Apresentação do projeto Creatour em Abrantes. Vereador Luís Dias

Em representação da Câmara de Abrantes, o vereador Luís Dias enalteceu o trabalho produzido pelo CES ao longo dos dois últimos anos, destacando “as aprendizagens transformadas em algo de concreto”.

Finalizou explicando que o projeto de Abrantes, o 180 Creative Camp “que serviu de base a esta candidatura, decorre na nossa cidade desde 2013, e é com projetos como este que queremos afirmar Abrantes como nunca antes”, no sentido dos projetos serem “úteis aos operadores turísticos, aos empresários e de alguma maneira permitam melhorar a qualidade de vida dos nossos, mas também afirmar a nossa região e aquele que é considerado o melhor destino turístico do mundo”, afirmou.

A esse propósito, na sessão foi avançada a data do próximo 180 Creative Camp que em 2019 decorrerá de 30 de junho a 7 de julho em Abrantes. Na cidade, os trabalhos prosseguiram também no dia seguinte, 8 de janeiro.

O projeto é financiado pelo Programa de Atividades Conjuntas (PAC) do Portugal 2020, através do COMPETE 2020, POR Lisboa, POR Algarve e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

A sua formação é jurídica mas, por sorte, o jornalismo caiu-lhe no colo há mais de 20 anos e nunca mais o largou. É normal ser do contra, talvez também por isso tenha um caminho feito ao contrário: iniciação no nacional, quem sabe terminar no regional. Começou na rádio TSF, depois passou para o Diário de Notícias, uma década mais tarde apostou na economia de Macau como ponte de Portugal para a China. Após uma vida inteira na capital, regressou em 2015 a Abrantes. Gosta de viver no campo, quer para a filha a qualidade de vida da ruralidade e se for possível dedicar-se a contar histórias.

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