Produzido pela Associaão Palha de ABrantes, o filme ‘Harmos’ ganhou o premio jovem cineasta português no 42.º Cinanima. Foto: DR

A 42.º edição do festival interncional Cinanima distinguiu como melhor obra por realizadores menores de 18 anos o filme “Harmos” [Harmonia], dirigido por um coletivo de crianças e jovens de Abrantes, anunciou hoje a organização. O filme “Harmos”, produzido pela Associação Palha de Abrantes e o Cineclube ‘Espalhafitas’, já havia conquistado a melhor curta de animação feita em escolas no Prémio Nacional de Animação deste ano na categoria oficinas.

‘Harmos’, uma curta metragem de animação com cerca de 10 minutos, aborda a relação do Homem com a floresta, num filme em que prevalece o cinza, o preto e o branco, e que usa porcas cores. As suficientes para ‘pintar’ a floresta e a biodiversidade da região centrada em Abrantes, num filme que procurou fugir do tema dos incêndios, uma problemática que acabou por ser “incontornável” para as crianças que construíram e ‘pintaram’ a curta de animação.

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“Foram mais de 100 alunos de cinco escolas que fizeram esta curta de animação, a par do apoio imprescindível dos professores e dos encarregados de educação, num processo em que o argumento foi completado pelos próprios alunos”, disse na ocasião ao mediotejo.net a presidente da Associação Palha de Abrantes, Lurdes Martins, para quem a conquista do prémio nacional representou “um grande orgulho e uma alegria imensa” para todos os envolvidos num trabalho que é desenvolvido em termos cinematográficos há mais de uma década consecutiva com os alunos das escolas do concelho de Abrantes e da região envolvente.

Os alunos participantes este ano, num projeto único a nível nacional e que envolve as crianças de escolas da região no processo de construção de películas cinematográficas, desde o argumento aos desenhos, estudam nas escolas Solano de Abreu (curso de Artes do 11º e 12º anos), escola D. Miguel de Almeida (alunos com 12 anos), Escola do Ócio/ATL Palha de Abrantes (entre os 7 e os 12 anos), e escolas primárias de Pego, Mouriscas e Rossio ao Sul do Tejo, envolvendo alunos do 3º e 4º anos.

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“O projeto de produção, orientação pedagógica e de educação é da Palha de Abrantes e do Cineclube Espalha Fitas”, sob orientação de Lurdes Martins, e contou com realização de Vitor Pires e Tânia Duarte, música de Francesco Berta e som de Pedro Magano, entre muitos outros intervenientes. O projeto de enculturamento cinematográfico “assenta num projeto que é feito nas escolas e que não faria sentido sem o trabalho feito pelos professores, pelas crianças, e pelos próprios pais dos alunos”, frisou a presidente da Associação Palha de Abrantes.

A apresentação e exibição pública da melhor curta nacional eleita na Festa Mundial da Animação, com a presença dos alunos/autores, professores e encarregados de educação, vai decorrer na tarde no dia 8 de dezembro no Centro Cultural Gil Vicente, em Sardoal.

A 42.ª edição do festival Cinanima teve início na segunda-feira em Espinho e até sábado teve 110 filmes a concurso em várias modalidades competitivas e exibiu ainda 265 obras em sessões temáticas e retrospetivas paralelas.

A curta-metragem alemã “Obon” ganhou no sábado o Grande Prémio do Cinanima – Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho, enquanto “Agouro” e “4 Estados da Matéria” venceram ‘ex-aequo’ a competição portuguesa, anunciou hoje a organização.

Constituído por Pedro Serrazina, Riho Unt e Vera Neubauer, o júri de 2018 entregou o Grande Prémio da competição internacional ao documentário animado de Andre Hörmann e Anna Bergman, que, no registo computorizado 2D de “Obon”, contam em 15 minutos a história de Akiko Takakura, uma das últimas sobreviventes da bomba atómica lançada em Hiroshima.

Entre as obras portuguesas, o Prémio António Gaio distinguiu este ano “Agouro”, em que David Doutel e Vasco Sá revelam “a rudeza da relação entre dois primos” num inverno rigoroso junto ao rio e “4 Estados da Matéria”, obra de estreia em que Miguel Pires de Matos explora num registo abstrato os diferentes estados físicos da natureza e a sua relação com a ciência, a arte e a religião.

Ainda na produção portuguesa, o 42.º Cinanima também distinguiu como melhor obra por realizadores menores de 18 anos o filme “Harmos”, dirigido por um coletivo de crianças e jovens de Abrantes, e premiou como melhor curta de um cineasta maior de idade a obra “Viajante”, de João Gonzalez.

Outros filmes premiados na edição de 2018: “A chamada”, que deu à romena Anca Damian o Prémio Especial do Júri; “Época Baixa”, com que a húngara Orsolya Láng arrecadou o Prémio Gaston Roch para melhor filme de estudantes; “O jardim perdido”, pelo qual a francesa Natalia Chernysheva obteve o Prémio Alves Costa para melhor curta-metragem até 5 minutos; e “O dia extraordinário”, com que a francesa Joanna Lurie conseguiu o Prémio de Melhor Curta-Metragem entre os cinco e os 24 minutos.

“Um bolo magnífico”, dos belgas Marc James Roels e Emma De Swaef, conquistou duas distinções: o Prémio de Melhor Curta entre os 24 e 50 minutos e também o Prémio do Público.

Só na categoria de Longas-metragens é que este ano não foi premiado nenhum filme, embora o júri tenha atribuído uma menção honrosa a “Vírus Tropical”, do colombiano Santiago Caicedo.

Os vencedores de prémios do Cinanima ficam habilitados a competir no concurso europeu de melhor filme de animação o “Cartoon D’Or”, organizado pela Cartoon – European Association of Animated Film.

A experiência de trabalho nas rádios locais despertaram-no para a importância do exercício de um jornalismo de proximidade, qual espírito irrequieto que se apazigua ao dar voz às histórias das gentes, a dar conta dos seus receios e derrotas, mas também das suas alegrias e vitórias. A vida tem outro sentido a ver e a perguntar, a querer saber, ouvir e informar, levando o microfone até ao último habitante da aldeia que resiste.

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