O concerto do músico Afonso Dorido na Igreja de São Sebastião, em Cem Soldos, durante a última edição do festival Bons Sons está a gerar polémica. Esta segunda-feira, dia 3, o Jornal I fez manchete das reações negativas de crentes religiosos à publicação de um vídeo nas redes sociais, levando a Diocese de Santarém a emitir um comunicado no qual afirma não ter tido conhecimento e critica a iniciativa. A organização do festival Bons Sons reagiu entretanto e afirma que a polémica foi gerada por “pessoas ultra conservadoras”.
O Bons Sons realizou-se em Cem Soldos no passado mês de agosto e, à semelhança dos anos anteriores, alguns dos concertos realizaram-se dentro da Igreja de São Sebastião, adaptada durante o festival para o palco MPAGDP (Música Portuguesa a Gostar Dela Própria). Entre eles, no dia 11, esteve o do projeto Homem em Catarse, do músico Afonso Dorido, na apresentação do álbum “Viagem Interior”, cujo vídeo foi partilhado nas redes sociais.
Alguém filmou!Que bela celebração.Muito mais que um amor de Verão.❤#bonssons #cemsoldos #mpagdp
Publicado por Homem em Catarse em Sexta-feira, 17 de Agosto de 2018
Vídeo do concerto na Igreja de São Sebastião
O Jornal I avançou esta segunda-feira que o vídeo gerou indignação por parte de crentes religiosos, que o caraterizaram como um “Woodstock na igreja”, e a polémica levou a Diocese de Santarém a emitir um comunicado no mesmo dia no qual afirma que “o Bispo de Santarém, bem como os serviços da Cúria Diocesana, não tiveram conhecimento prévio de que a Igreja de São Sebastião de Cem Soldos iria ser usada para espetáculos”.
A Diocese de Santarém refere ainda que “não é legítimo programar numa igreja a execução de uma música que não é de inspiração religiosa e que foi composta para ser interpretada em contextos profanos precisos, quer se trate de música clássica ou contemporânea, erudita ou popular: tal facto não respeitaria nem o carácter sagrado da igreja, nem a própria obra musical”, acrescentando que as igrejas devem ser salvaguardadas “para que não se transformem em «simples lugares públicos»”.
Esta terça-feira, a organização do festival Bons Sons também reagiu, defendendo que o “envolvimento da igreja no BONS SONS é e sempre foi público e os concertos são realizados com a autorização das entidades competentes”, destacando que a igreja “tem sido espaço de encontros de coros, concertos e, desde 2008, palco do BONS SONS” e que o SCOCS, associação local organizadora do festival “desenvolve um trabalho de continuidade, existindo um trabalho de parceria e de mútuo respeito entre todos os agentes locais”.
Na nota enviada para as redações pode ler-se que a indignação “surge de pessoas que não conhecem Cem Soldos, nem o BONS SONS” e a “polémica parte de pessoas ultra conservadoras que têm uma visão muito fechada da Igreja Católica”. A mesma termina com uma citação do Papa Francisco: “Um cristão sem alegria não é cristão; um cristão que continuamente vive na tristeza também não o é. Quando a Igreja é medrosa e não recebe a alegria do Espírito Santo, ela adoece, as comunidades e os fiéis adoecem”.
Nasceu em Vila Nova da Barquinha, fez os primeiros trabalhos jornalísticos antes de poder votar e nunca perdeu o gosto de escrever sobre a atualidade. Regressou ao Médio Tejo após uma década de vida em Lisboa. Gosta de ler, de conversas estimulantes (daquelas que duram noite dentro), de saborear paisagens e silêncios e do sorriso da filha quando acorda. Não gosta de palavras ocas, saltos altos e atestados de burrice.