O antigo Lagar dos Paulinos vai ser transformado em núcleo museológico e num espaço onde se poderão aprender e desenvolver as antigas artes e ofício do concelho, como a olaria e as malas de folha de flandres, cuja produção teve o seu expoente máximo em meados do século passado nesta vila ribatejana, anunciou Miguel Borges, presidente da Câmara Municipal de Sardoal, esta sexta-feira.
O anúncio foi feito durante a inauguração da exposição “No Fio do Azeite”, no Centro Cultural Gil Vicente e Espaço Cá da Terra, que contou com uma visita ao espaço do antigo Lagar dos Paulinos onde ainda se encontram diversas máquinas e utensílios ligados à produção do azeite.
“Queremos que este espaço se mantenha com os utensílios que aqui estão para transformá-lo num espaço museológico e de memórias da população e, para além disso, queremos adaptar o espaço para que aqui se possam desenvolver artes e ofícios tradicionais, queremos que as pessoas experimentem a arte tradicional”, explicou Miguel Borges ao mediotejo.net.
E acrescenta que o que ali se pretende é “criar uma espécie de incubadora da arte artesanal”.
Desta forma, o espaço do antigo Lagar dos Paulinos, onde atualmente decorre um curso de técnico superior profissional em produção artística para a conservação e restauro do Instituto Politécnico de Tomar, será um local onde se podem aprender novas artes, “onde possivelmente as pessoas podem constituir as suas empresas e depois, para complemento, temos o espaço Cá da Terra onde os produtos podem ser comercializados”, salientou Miguel Borges.
É expetativa da autarquia abrir este espaço à população já a partir do início do próximo ano.
Exposição dá a conhecer atividade de transformação da azeitona no concelho
“No Fio do Azeite” é o nome da mostra que estará patente até 6 de março, no Espaço Cá da Terra, no Sardoal, e que dá a conhecer a importância que a atividade da apanha da azeitona e sua transformação em azeite teve no concelho.
No dia em que cumpriu dois anos de mandato (9 de outubro), o presidente da Câmara Municipal de Sardoal, Miguel Borges, inaugurou a exposição “No Fio do Azeite” e referiu, na ocasião que, mostras como esta “pretendem criar um arquivo de memória do nosso concelho”. E não só: “esta exposição é também para evitar que as nossas crianças pensem que o azeite vem do hipermercado”, referiu, em tom de brincadeira.
Com diversos utensílios antigos ligados à apanha, transporte e transformação da azeitona em azeite, esta exposição faz uma viagem pelo ciclo do azeite, desde o passado ao presente e, inclusive, permite ao visitante sentir o cheiro do azeite com a existência de um mini-lagar.
“No Sardoal sempre tivemos muitos e bons olivais e há documentos do século XVI que abordam essa questão”, salientou João Soares, técnico da Câmara do Sardoal, fazendo referência a um percurso entre o Sardoal e os Valhascos “com oliveiras que têm mais de 3 mil anos”.
Na inauguração estiveram presentes antigos e atuais trabalhadores em lagares, mas a palavra coube ao Sr. João, lagareiro, que recordou como eram as primeiras peças para fazer azeite, que mais não eram do que “paus das árvores”.
Nesta exposição pode ver a localização das mais de duas dezenas de lagares em laboração no concelho no séc. XX e ver de perto alguns dos utensílios e produtos utilização na confeção do azeite.
No âmbito desta mostra irá realizar-se, a 24 de outubro, o passeio pedestre “No Fio do Azeite – Oliveiras Milenares”, que dará a conhecer aos participantes algumas das mais antigas oliveiras existentes no concelho e do país. Paralelamente, o Espaço Cá da Terra acolherá provas gastronómicas e workshops onde o azeite será o elemento principal.
A exposição pode ser visitada até 6 de março de 2016.