Caiu o pano sobre o maior evento aeronáutico realizado em Portugal. Depois de dois dias dedicados quase exclusivamente a conferências, com a presença de membros do governo e de representantes das maiores empresas com interesses na aviação, no fim de semana aguardava-se uma multidão de entusiastas, ansiosos por assistir à evolução das aeronaves. Motivos de interesse não faltavam…
Quem cruzava a porta da enorme tenda, a segunda maior do mundo, com 10.000 m2 e 300m de comprimento, era recebido por um espetáculo musical a recriar as bandas que nos idos anos de 40 a 60 animavam as tropas na frente de batalha. Ao som de Glenn Miller os “Sgt. Wilson´s Airforce Show” davam as boas vindas aos visitantes com um toque “vintage”.
Ao seu lado reluzia um recente BMW i8 híbrido com estética de modernidade. O visitantes eram convidados a percorrer os stands onde as marcas apresentavam os seus produtos: aeronaves não tripuladas, modelismo, merchandising, agências de viagens, transportadoras aéreas e escolas de aviação entre outros.
As Forças Armadas estavam representadas com os seus três ramos: Armada, Exército e Força Aérea.
A zona de restauração fazia a fronteira com o “deck” exterior onde se encontrava a exposição estática de vários modelos, alguns visitáveis.
Na aviação comercial o expoente máximo era o ATR 72 da Lease Air onde uma simpática assistente convidava a simular uma viagem. Alguns privilegiados experienciaram a visão dos pilotos aos comandos do aparelho. Entre eles estava o mediotejo.net.
Os Cessna e Diamond, aviões de instrução e lazer, permitiam um contacto próximo com as tripulações e aeronaves.
A Proteção Civil estava representada com o Fire Boss AT 802F de combate a incêndios e o AS 350B2 Ecureuil das evacuações sanitárias.
Ao lado repousavam as máquinas destinadas às acrobacias aéreas e corridas do Air Race Championship (ARC). Foi uma tarde preenchida com exibições das capacidades dos vários aviões presentes. Correram-se ainda as qualificações para o ARC.
Já com o sol escondido no horizonte os resistentes assistiram a um espetáculo deslumbrante nos céus de Ponte de Sor.
Os Aerosparx fizeram rebocar um planador, decorado com “neons” que mudavam de cor. A cerca de 1.200 metros de altitude libertou-se e começaram as acrobacias com a libertação de fogo de artifício. Um “show” único e inesquecível.
No dia de domingo, com o céu nublado mas não impeditivo da evolução das máquinas voadoras, o público acorreu em grande número. Depois duma agradável manhã as sirenes dos carros da GNR, bombeiros e ambulâncias deixavam antever que algo de grave havia acontecido. Foram minutos de muita apreensão com os bombeiros do aeródromo de prevençao e o evento suspenso.
A revelação da causa desta inusitada movimentação chegou pouco depois. Nuno Molarinho, CEO da TheRace, confirmava ao mediotejo.net, em primeira mão, a aterragem forçada do avião XA42, da classe Extreme, pilotado pelo norte americano Scott Farnsworth quando realizava um batismo de voo.
Felizmente sem danos pessoais, apenas leves escoriações no piloto e ocupante, após capotamento em terreno agrícola, quando tentava alcançar a pista. Resposta a normalidade o evento prosseguiu cumprindo-se o programa.
A adrenalina já corria nas veias de pilotos e assistência quando o espanhol Cástor Fantoba decidiu levar o seu Sukhoi 26 ao limite. Voando pertíssimo do solo em arriscadas manobras arrancou aplausos demorados do público. A cereja no topo do bolo foi a corrida a baixa altitude e a velocidade estonteante com um BMW M2. Ganhou o carro…
E ganharam os leitores do mediotejo.net a simpatia do piloto “nuestro hermano”.
Um dos momentos mais aguardado era a tentativa de bater o record do “Guiness World Book of Records” para o maior número de “tonneau” ou “Roll On Toe” em planador rebocado por aeronave. Esta manobra consiste em rolamento lateral de 360º sobre o eixo longitudinal do aparelho.
O alvo eram os vinte e seis e os Aerosparx realizaram um número de manobras que deixaram toda a gente estupefacta. Duvida-se que alguém tenha conseguido contar a totalidade. Aproximou-se das cem…!!!
Aguarda homologação e assim Ponte de Sor poderá figurar no célebre livro.
O dia terminou com as finais do Air Racing Championship.
Quando o roncar característico dos Yakovlev se fez ouvir agitaram-se o fãns da modalidade, procurando o melhor ângulo para filmar, fotografar ou simplesmente apreciar a final dos Vintage.
Com uma corrida soberba, Fernando Marinho Pereira, comandou do princípio ao fim. O piloto espanhol “Nacho” Pozo que havia vencido a anterior edição no Parque das Nações em 2016 foi segundo. Jorge “Red” Fachadas fechou o pódio.
Nos Sport, aviões mais rápidos e manobráveis venceu o espanhol Javier Del Cid, secundado por Matthew Summers e James Stringer, ambos britânicos.
A corrida dos aviões mais potentes, a classe Extreme, não se realizou devido ao acidente de Scott Farnsworth. Sem aviões suficiente para preencher a grelha, os dois pilotos restantes, numa atitude de simpatia e respeito pelo público e pelo piloto acidentado, realizaram uma exibição aérea de alto quilate.
O ARC terá campeonato oficial a partir do próximo ano e o Aeródromo Municipal da Ponte de Sor poderá acolher uma das etapas do Campeonato do Mundo.
Aguardando próximas edições parafraseamos o presidente da edilidade, Hugo Hilário:
“Ponte de Sor, o futuro é agora…”