A inclusão da temática da rede judaica no Workshop Internacional de Turismo Religioso levou o certame, organizado pela ACISO – Associação Empresarial Ourém Fátima, a descentralizar-se para a Guarda e a incluir entre os seus oradores agentes turísticos focados no mercado judaico. No seminário “Globalização e Turismo Religioso”, dia 22, quinta-feira, em Fátima, Isaac Assor, da agência Alegretur, deu voz a este setor que começa a ver com interesse rotas não tanto religiosas, mas históricas e culturais pelo país. Uma passagem por Tomar é obrigatória.
Isaac Assor foi o último orador do seminário “Globalização e Turismo Religioso”, dando voz ao novo segmento da rede judaica. O operador turístico começou por destacar que o turismo judaico não é tanto religioso, mas um “turismo de herança”. “A vertente judaica não viaja para vir rezar”.
“Hoje o turismo democratizou-se, viajam todos”, constatou. Mas esta globalização mudou também a forma como se viaja, em aviões apinhados e com multidões a percorrer as ruas dos centros históricas das grandes cidades. “A multidão tornou-se omnipresente”, salientou. Issac Assor destacou que o turismo diminui as distâncias e transforma o que era uma construção da imaginação, através de livros e filmes, em realidade. “É uma ferramenta de desmistificação”.
Em declarações ao mediotejo.net, o responsável salientou que o potencial da rede judaica “é muito grande” e “não tem sido corretamente explorado”. Os judeus, como povo que desde sempre se caracterizou pela forma como se espalhou pelo mundo, têm “interesse em conhecer as raízes”. Neste sentido, não é tanto um turismo de características religiosas, mas históricas.
“Existem locais onde existe algum património” no país que podem integrar uma rota, como Tomar, Castelo de Vide ou Lisboa. Mas “muitas vezes a histórica basta, se for bem contada”, salientou, concordando que muito do património judaico desapareceu mas referindo que existem pequenos registos um pouco por todo o país, inclusive na vila medieval de Ourém.
Numa viagem deste tipo teriam interesse países como Israel, EUA, Canadá ou Brasil, que possui a maior comunidade judaica da América latina. “Temos bastantes contactos de pessoas que procuram este roteiro”, afirmou, “o grosso que procura, procura as suas raízes, as suas rotas”.
“Tomar em termos de herança judaica é um dos locais mais emblemáticos”, frisou. “É um dos poucos locais que tem essa presença física (que resistiu), desde antes da Inquisição”, constatou. “Um roteiro sobre a herança judaica em Portugal tem que ter Tomar”.