Valorizar e dinamizar a gruta da Avecasta é o desafio (Foto: mediotejo.net)

Dinamizar e valorizar a Gruta da Avecasta, no concelho de Ferreira do Zêzere, é o objetivo do projeto “Portal do Tempo” apresentado no dia 2, no próprio local. Durante a tarde vários oradores destacaram a importância do sítio e o potencial que ali existe para ser explorado em diversas vertentes.

A Gruta da Avecasta é um sítio arqueológico que foi quase constantemente ocupado entre o período Neolítico e a Idade Média, constituindo “um monumento de interesse único em Portugal”, como sublinham os arqueólogos José Mateus e Paula Queiroz, da W-Replay.

Hélio Antunes, Vereador da área da cultura na Câmara de Ferreira do Zêzere, apresenta como projeto a transformação da gruta num eco-museu, “uma espécie de escola de arqueologia viva”.

A nível turístico, a ideia é criar um polo dinamizador que aglutine a gruta, o moinho de Avecasta, a torre de D. Gaião e os fornos de cal, havendo condições para a definição de um roteiro. No caso da gruta, pretende-se, segundo o autarca, apostar no turismo mais ligado à vertente científica.

“Matéria para explorar” não falta porque até ao momento foi explorado em termos arqueológicos apenas 1 por cento do que existe e já se descobriram mais de 20 mil peças desde o paleolítico à época moderna.

Perante o “interesse científico muito grande” e o “enorme potencial” da gruta importa “dar os passos certos para valorizar, preservar e dar a conhecer todo este património”, afirma Hélio Antunes.

Lamenta, no entanto, que até agora seja apenas o Município a apoiar o projeto e os trabalhos arqueológicos que têm sido desenvolvidos no local. Já foram apresentadas várias candidaturas, foram feitos contactos com entidades responsáveis na área como a DGPC – Direção Geral do Património Cultural mas nenhuma das iniciativas teve sucesso.

A apresentação do projeto “Portal do Tempo” começou com a intervenção do geólogo Adriano Germano que explicou o processo de formação da dolina e da gruta, bem como das estalactites e estalagmites e outras formações rochosas.

Os arqueólogos José Mateus e Paula Queiroz, que há vários anos se dedicam a estudar a gruta, desenvolveram os temas da flora, vegetação e os habitats da Avecasta, o seu povoado antigo e território.

Integrado na Rede Natura 2000, Avecasta alia a riqueza arqueológica e geológica a um importante espaço de conservação da natureza, como sublinharam os dois especialistas. Elencaram algumas das espécies da flora e da fauna ali existentes e que urge preservar num “território herdado, natural e humanizado”, “um território complexo que pode contar muitas histórias”.

Depois de fazer uma apresentação da história da gruta com base nos achados arqueológicos desde o paleolítico, José Mateus defendeu algumas ideias para dinamização da Avecasta enquanto pólo de ciência, de re-apropriação do património e de educação para uma cultura ativa.

“Conjugar ciência, património e arte” é, para o arqueólogo, o grande objetivo do Portal do Tempo, através do qual se pretende criar um museu com acesso virtual, um laboratório de campo, um arqueo-palco dedicado à arqueologia experimental, uma escola de verão e um festival

José Mateus apresentou cerca de 20 propostas de eventos de música, teatro, workshops, conferências, visitas e jogos para serem realizados nos próximos tempos no sentido de dinamizar a gruta da Avecasta.

O etnólogo Domingos Morais chamou a atenção para a necessidade de se envolver a comunidade local e as escolas em todos os projetos para que se sintam parte dos mesmos.

Finalizou a sessão o Vereador Hélio Antunes que alertou para a necessidade de se captar apoios uma vez que o orçamento do Município é limitado. Elogiou o trabalho da equipa da W-Replay e apontou como objetivo tornar a gruta num “centro natural em complemento do centro cultural”, “um espaço aberto e dinâmico”.

Da Câmara de Ferreira do Zêzere, participou, além do Vereador Hélio Antunes, o Vice-Presidente Paulo Alcobia Neves.

A União das Freguesias de Areias e Pias fez-se representar pelo Presidente Hugo Azevedo e pela tesoureira Anabela Silva.

Ganhou o “bichinho” do jornalismo quando, no início dos anos 80, começou a trabalhar como compositor numa tipografia em Tomar. Caractere a caractere, manualmente ou na velha Linotype, alinhavava palavras que davam corpo a jornais e livros. Desde então e em vários projetos esteve sempre ligado ao jornalismo, paixão que lhe corre nas veias.

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