Estamos próximos do dia 21 de Março, que em todo o mundo é dedicado à árvore e à Floresta!
As datas comemorativas são sempre uma oportunidade para se reflectir sobre o que se comemora e neste caso, em Portugal e na nossa região temos sempre razões para justificar uma atenção redobrada sobre este tema.
A floresta representa para todos nós uma riqueza fundamental enquanto fonte de recursos económicos e emprego, recursos naturais como o solo e a água, a biodiversidade e um papel regulador na qualidade do ar.
O problema do efeito estufa e o fenómeno das alterações climáticas confere atualmente à Floresta um papel crucial no ataque à crise ambiental global.
Este tem sido um assunto sobre o qual as escolas têm dado contributos valiosos ao promover a sensibilização de gerações e gerações de cidadãos.
Através da sua persistência os professores têm contribuído para as mais diversas acções de sensibilização dos seus alunos para essa riqueza fundamental para a Vida, que é a Floresta!
Das mais singelas acções aos projectos mais elaborados a escola tem sido a origem de mudanças de atitude perante o valor da Floresta e sobre as formas de resistir às ameaças que sobre ela caem constantemente.
A relação de interdependência que, no antigo mundo rural, condicionava uma atitude de respeito pela Floresta perdeu-se no percurso dos nossos modelos de desenvolvimento como tantos outros aspectos fundamentais para o equilíbrio da Natureza, mas a escola soube agarrar nesse vazio e continua a fazer viver nas crianças paradigmas ancestrais de simbiótica relação de vida com os recursos naturais e o seu território.
Por isso nesta altura do ano, em que também começa na Primavera um novo ciclo de vida, assistimos a múltiplas comemorações que por momentos nos trazem ao quotidiano a presença duma Floresta quase esquecida. Uma floresta bem diferente daquela que hoje temos: uma floresta em que as espécies dominantes eram sobretudo folhosas, nomeadamente quercíneas, e onde se incluíam os carvalhos, o sobreiro e a azinheira.
Essa Floresta autóctone mantém um enorme valor ecológico sendo base de ecossistemas com uma elevada biodiversidade e em equilíbrio com as condições locais de clima e de solo.
É importante como fonte de matéria-prima enquanto fornecedora de madeiras nobres para mobiliário.
Constitui um recurso cujo valor de mercado directo, pela madeira, e indirecto, pelos bens produzidos, (paisagem, recreio, produtos silvestres.) seguramente aumentará.
É uma Floresta com características favoráveis em termos de prevenção contra incêndios, dado que as suas espécies são pouco inflamáveis e com uma grande capacidade de regeneração após o fogo.
A nossa Floresta Autóctone é assim um património inestimável que merece uma aposta na sua conservação para o futuro do nosso país e para as gerações vindouras.
Basta ouvir as crianças e pôr mãos à obra para garantir que afinal vale a pena comemorar o Dia Mundial da Floresta!
Considerando que o dia 21 de março é também o dia da poesia,
Floresta
“Entre o terror e a noite caminhei
Não em redor das coisas mas subindo
Através do calor de suas veias
Não em redor das coisas mas morrendo
Transfigurada em tudo quanto amei.
Entre o luar e a sombra caminhei:
Era ali a minha alma, cada flor
— cega, secreta e doce como estrelas —
Quando a tocava nela me tornei.
E as árvores abriram os seus ramos
Os seus ramos enormes e convexos
E nos estranho brilhar de seus reflexos
Oscilavam sinais, quebrados ecos
Que no silêncio fantástico beijei. ”
José Manuel Pereira Alho
Nasceu em 1961 em Ourém onde reside.
Biólogo, desempenhou até janeiro de 2016 as funções de Adjunto da Presidente da Câmara Municipal de Abrantes. Foi nomeado a 22 de janeiro de 2016 como vogal do Conselho de Administração da Fundação INATEL.
Preside à Assembleia Geral do Centro de Ciência Viva do Alviela.
Exerceu cargos de Diretor do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, Coordenador da Reserva Natural do Paúl do Boquilobo, Coordenador do Monumento Natural das Pegadas de Dinossáurios da Serra de Aire, Diretor-Adjunto do Departamento de Gestão de Áreas Classificadas do Litoral de Lisboa e Oeste, Diretor Regional das Florestas de Lisboa e Vale do Tejo na Autoridade Florestal Nacional e Presidente do IPAMB – Instituto de Promoção Ambiental.
Manteve atividade profissional como professor convidado na ESTG, no Instituto Politécnico de Leiria e no Instituto Politécnico de Tomar a par com a actividade de Formador.
Membro da Ordem dos Biólogos onde desempenhou cargos na Direcção Nacional e no Conselho Profissional e Deontológico, também integra a Sociedade de Ética Ambiental.
Participa com regularidade em Conferências e Palestras como orador convidado, tem sido membro de diversas comissões e grupos de trabalho de foro consultivo ou de acompanhamento na área governamental e tem mantido alguma actividade editorial na temática do Ambiente.
Foi ativista e dirigente da Quercus tendo sido Presidente do Núcleo Regional da Estremadura e Ribatejo e Vice-Presidente da Direcção Nacional.
Presidiu à Direção Nacional da Liga para a Protecção da Natureza.
Foi membro da Comissão Regional de Turismo do Ribatejo e do Conselho de Administração da ADIRN.
Desempenhou funções autárquicas como membro da Assembleia Municipal de Ourém, Vereador e Vice-Presidente da Câmara Municipal de Ourém, Presidente do Conselho de Administração da Ambiourem, Centro de Negócios de Ourém e Ouremviva.
É cronista regular no jornal digital mediotejo.net.