A central nuclear espanhola de Almaraz localizada a cerca de 100 quilómetros da fronteira é uma “bomba relógio”. Recentemente, esta central voltou a ser notícia pela intenção dos espanhóis em construir um aterro nuclear que prolongaria a vida útil da mesma, quando já devia ter encerrado no ano de 2010.
Portugal é um país que soube no momento certo dizer não à energia nuclear, uma energia que acarreta inúmeros perigos como são exemplos trágicos os casos de Chernobyl ou Fukushima. O nosso país é um exemplo europeu nas energias renováveis. Portugal esteve à frente no seu tempo e soube encontrar formas alternativas de energia. A aposta nas fontes renováveis tendo como base as nossas condições naturais, foi um facto amplamente sublinhado pela imprensa e comunidade cientifica internacional.
Contudo a visão de sustentabilidade energética do nosso país não nos coloca fora dos perigos da energia nuclear através de Almaraz. A construção do novo aterro tem ser travada. O Governo português, e bem, tem criticado esta construção, levando às instâncias europeias a contestação da construção do novo aterro. Os impactos transfronteiriços não foram acautelados por Espanha e o Governo português não foi consultado.
Hoje, quando o tema do Tejo ganhou espaço mediático, não devemos esquecer o perigo nuclear de uma central construída nas suas margens, um autêntico perigo invisível. A central de Almaraz é a mais antiga em funcionamento em Espanha e representa 9% da produção de energia no país. Além da antiguidade da central, existem vários problemas de segurança detetados pela agência independente espanhola que controla a segurança da energia nuclear. Estas questões não nos devem deixar indiferentes. Não se trata de alarmar, mas sim informar.
A exigência do fim do perigo invisível de Almaraz deve ser um objetivo nacional. O encerramento da central e o não prolongamento artificial do seu período de vida útil é uma urgência. A unanimidade nacional sobres esta matéria demonstra o seu perigo. O combate pelo seu encerramento é um desígnio nacional, antes que seja tarde de mais. As gerações dos nossos netos e bisnetos não nos vão perdoar se não fizermos tudo ao nosso alcance.