Começo esta crónica partilhando as minhas reservas sobre se a deveria ter escrito. Uma virgula fora do sítio certo, pode ser o suficiente para provocar interpretações dúbias ou erradas, deturpando sem remissão ou possibilidade de correção, o objetivo inicial ou o sentido da sua escrita.
Após várias análises pesando prós e contras, acabei por chegar à única conclusão possível. Nada devo e pouco tenho a provar, pelo que a partilha de um sentimento genuíno, se sofrer atropelos na sua interpretação, é apenas revelador do carácter de quem lê e nunca de quem escreve.
Declaração de interesse feita, partamos para o que realmente interessa.
Tive o primeiro contacto com o Zé numa das redes sociais da moda, no decorrer do ano de 2018. Não era amigo dele nem tão pouco o conhecia, quando me cruzei com alguns dos seus comentários em perfis de amigos comuns.
As minhas primeiras impressões com base na análise desses seus comentários naquela altura, levaram-me a achar que o Zé era uma pessoa com profundidade de conhecimento, combativo a roçar a arrogância e a provocação, que apreciava com particular gosto uma boa discussão e que apenas as encerrava quando não houvesse dúvidas que era ele quem estava por cima.
Sem me recordar como nem porquê, tornámo-nos amigos nessa rede social em novembro de 2018. Desde esse momento, o meu conhecimento em relação ao Zé, que era superficial e que se circunscrevia aos comentários em perfis de amigos como referi anteriormente, começou a ganhar outra dimensão.
Reforcei a minha ideia em relação à sua profundidade de conhecimento, mas aquilo que nos aproximava no conteúdo, acabava por nos afastar pelo estilo. Falo por mim, como é óbvio.
Mais uma vez, sem recordar como nem porquê, começámos a trocar mensagens privadas onde fomos partilhando opiniões sobre os temas da atualidade daquela altura. Nem sempre estávamos de acordo, mas houve sempre um respeito e uma urbanidade entre ambos. Confesso que essas trocas de mensagens começaram a esbater a imagem de arrogância e de dono da verdade que por essa altura ainda tinha do Zé.
A pedra de toque que baralha e modifica toda a imagem que fui construindo do Zé, dá-se no dia 1 de julho de 2019. Por motivo de uma ação em defesa do edifício do Mercado Municipal de Abrantes, tive a oportunidade de o conhecer pessoalmente.
A afabilidade, a educação, a simplicidade, a proximidade e a simpatia calorosa com que fui recebido por aqueles, quase dois metros de homem, foram uma enorme surpresa e contribuíram para que, desde esse dia, passássemos a comunicar com maior frequência e acabássemos por avançar, em conjunto, para projetos de grande fôlego.
Hoje sei que o Zé tem uma personalidade forte, continuo a confirmar a sua enorme profundidade de conhecimento e descobri um voluntarismo ímpar, um altruísmo que rareia nos tempos que correm e uma tremenda capacidade de trabalho que desconhece o que são limites.
Continuamos a discordar com alguma frequência e continuo a achar que o seu estilo de comunicação, esconde a enorme generosidade e a sua verdadeira natureza. Mas se em relação à discordância, ela nos deixa – permitam que escreva na primeira pessoa do plural – muito mais “ricos” e preparados para a discussão futura desses temas, já em relação ao estilo, só lamento que isso afaste alguns, e não lhes permita terem a oportunidade de conhecer o “bom gigante” que, na verdadeira aceção da palavra, o Zé é.
Da minha parte, é um privilégio conviver com este “bom gigante” como, carinhosamente, gosto de o tratar. Tenho consciência que são pessoas como ele, que nos acrescentam valor e que fazem de nós, melhores seres humanos. É por isso que não abdicarei deste privilégio, pelo menos, enquanto o Zé também o permitir.