Casa devastada por incêndio em São Simão gerou momento de solidariedade em Sardoal. Foto: Paulo Jorge de Sousa, 2017

Por vezes comentar “em cima” dos assuntos quando eles ainda estão demasiado quentes, leva-nos a cometer erros de interpretação que podem provocar análises e avaliações erradas e em última instância, juízos de valor injustos. Por causa disso, na semana passada resisti à tentação de escrever sobre o que nos foi dado conhecer em relação ao que se está a passar em Pedrogão.

Uma semana depois, e numa altura em que o ruído é muito menor, sinto a tranquilidade necessária para partilhar o meu estado de alma.

Confesso que a minha revolta é hoje maior do que era há uma semana. Revolta provocada pelos factos que tivemos conhecimento mas também motivada pelo silêncio de quem tem responsabilidades neste país.

Revolta igualmente provocada pela impotência de quem vê o vazio no olhar de quem tudo perdeu e como resultado de uma injustiça ainda maior do aquela que lhes levou tudo, perceber que já há segundas, terceiras e quartas habitações construídas em locais que anteriormente nem eram habitados e que a primeira habitação de quem realmente precisa, ainda esteja por construir.

Revolta ainda maior quando percebemos que a pulhice desta vergonha chega ao ponto de haver quem recebeu dinheiro sem nada ter para construir.

Mas no topo da minha revolta está a expressão facial de quem está por trás desta vergonha. Um misto de gozo e de prepotência de quem acha que está acima da lei porque a ocupação de determinados cargos permite tudo e esse sentimento de impunidade legitima que se faça tudo menos dar satisfações daquilo que se fez.

Corrijo o início do parágrafo anterior. No topo da minha revolta está perceber que neste país continua a não haver justiça, porque se ela existisse e funcionasse, não continuaríamos a ser agredidos com estas notícias que envergonham quem tem um mínimo de decência.

É tudo demasiado sórdido e esta sordidez ganha maior dimensão porque tudo isto é tão natural que começamos a conviver pacificamente com esta realidade. E não nos podemos contentar com a detenção de um funcionário da câmara que está por trás desta história porque este peão será certamente o menos culpado em toda esta vergonha. Não podemos exigir menos que saber toda a verdade e recuperar o rasto do dinheiro desaparecido. Por uma questão de reposição de justiça para com aqueles que perderam tudo e em honra de todos quantos perderam a vida nesta tragédia. E por último, não podemos permitir que haja complacência e temos que exigir que, neste caso, todos aqueles que estão “enterrados” até ao pescoço, sejam exemplarmente condenados. Por uma questão de honra e de resgate do país.

É gestor e trabalhar com pessoas, contribuir para o seu crescimento e levá-las a ultrapassar os limites que pensavam que tinham é a sua maior satisfação profissional. Gosta do equilíbrio entre a família como porto de abrigo e das “tempestades” saudáveis provocadas pelos convívios entre amigos. Adora o mar, principalmente no Inverno, que utiliza, sempre que possível, como profilaxia natural. Nos tempos livres gosta de “viajar” à boleia de um bom livro ou de um bom filme. Em síntese, adora desfrutar dos pequenos prazeres da vida.

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