Sempre, no início de cada Ano, havia um vasto conjunto de expectativas e de ansiedades, fundadas, que o Novo Ano seria melhor que o anterior. Não há razões para que este Novo Ano, o Ano de 2021, não seja também ele encarado como um Ano que tem tudo para ser melhor que o ano anterior. Assim sabendo, cada um de nós, fazer a conveniente gestão de expectativas já que esta pandemia irá acompanhar-nos com todo o seu rosário de limitações e, ainda, perigos. Muitos perigos.
O otimismo. A esperança. A capacidade de acreditar. Terão a mesma intensidade – têm que ter – neste início de Ano que tiveram em cada um dos outros anos das nossas vidas.
Mas. Há muitas vezes na vida um “Mas”. Mas o otimismo, a esperança e a capacidade de acreditar têm este Ano um diferente significado e um diferente aspeto nas nossas vidas pessoais e coletivas.
Esta pandemia voltou a recordar-nos que dependemos mais uns dos outros do que aquilo que talvez gostaríamos. Mas dependemos, muito, uns dos outros. E ainda bem.
Sem esta interdependência e numa pandemia que tanto nos afeta a todos, não encontraríamos respostas tão céleres, tão sólidas e tão sustentadas na ciência.
E é esta ciência que todos reconhecemos estar bem presente nas diversas propostas de vacinas contra a Covid-19 que começam, progressivamente, a chegar. A ser disponibilizadas. Vacinas que estarão sempre em evolução para acompanhar a mutações do vírus e, assim, preservarem a sua eficácia. E as nossas vidas.
As negociações em bloco realizadas pela Comissão Europeia para garantir largos milhões de vacinas à União Europeia é mais um expressivo sinal da imensa utilidade das Instituições Europeias na defesa de todos os Estados. Na democratização das melhores condições de vida que a Europa pode ter e tem conseguido ter ao longo das últimas décadas de aprofundamento do projeto europeu.
Quando olhamos para outras áreas geográficas tão diversas, percebemos a diferença que faz uma Europa participativa, alinhada nos grandes desafios que a história coloca às nossas vidas de cidadãos.
Apesar das diferenças de opinião. Das naturais diferenças entre Estados Europeus ou, ainda, das divergências dinâmicas entre os próprios órgãos da União Europeia, a coesão europeia ficou bem patente na estratégia de negociação da Europa com a grande, influente, preponderante indústria farmacêutica mundial.
Pequenos países como o nosso teriam, sozinhos, grandes dificuldades no acesso imediato à vacina contra a Covid-19. Um sinal claro da democraticidade das decisões europeias é o fato de todos os países grandes e todos os países pequenos, terem tido acesso imediato à vacina. À luz dos mesmos critérios, dos mesmos recursos financeiros ou logísticos.
Se algum de nós tinha episódicas dúvidas ou perpétuas dúvidas sobre a valia do projeto Europeu, a pandemia veio rejuvenescer os ideais da Europa e na Europa.
Desta Europa que soube procurar resposta e encontrar formas de reduzirmos o perigo de contágio através de garantir o acesso à vacina. Acesso desde a primeira hora em que esta começou a estar disponível. Poucas vezes o Projeto Europeu deu uma resposta tão visível, tão compreensível e tão imediata às necessidades de todos os seus cidadãos.
Poucas vezes foi tão evidente e importância de uma Europa coesa para o cidadão comum, como qualquer um de nós.
Poucas vezes a Europa esteve tão próxima de todos, transversalmente, como agora.
É esta Europa que nós queremos. E hoje sabemos que é claramente possível. Uma Europa que reforça a sua importância e a sua legitimidade popular ao encontrar uma solução vital para todos os seus cidadãos.
É nesta linha que a Europa pode ser preponderante em qualquer contexto internacional. Porque pensa, primeiro, nos interesses do cidadão comum. Na Saúde. Na segurança dos seus cidadãos e na ciência como instrumento para a legitima segurança de todos.
É desta Europa que o Reino Unido terá saudades.
Boa Europa e Bom Ano para todos.